Barulho I com D'alva - Entrevista
Foi no Jardim da Estrela que entrevistámos os D'alva na passada sexta-feira. Foi uma longa conversa sobre redes sociais, o álbum, a estreia da banda em festivais e a música portuguesa de hoje. Também fizemos um pequeno jogo com o duo cujo vídeo está publicado no nosso novo canal do YouTube e na segunda parte desta entrevista.
D'alva actuam amanhã (sexta-feira, 5) nas Festas de Carcavelos.
Alex D'Alva Teixeira e Ben Monteiro são dois rapazes que se juntaram para fazer música portuguesa e que estão em rápida ascensão em tão pouco tempo. Consulta aqui o site oficial deles e o Facebook para estares atento às novidades. Fica agora com a entrevista e o vídeo de apresentação e embarca nesta viagem à descoberta de D'alva.
Alex D'Alva Teixeira e Ben Monteiro são dois rapazes que se juntaram para fazer música portuguesa e que estão em rápida ascensão em tão pouco tempo. Consulta aqui o site oficial deles e o Facebook para estares atento às novidades. Fica agora com a entrevista e o vídeo de apresentação e embarca nesta viagem à descoberta de D'alva.
Watch and Listen: Sempre quiseram fazer um álbum
pop ou aconteceu por acaso?
Ben: Eu acho que no início não estávamos a fazer um disco pop.
Alex: Eu acho que aconteceu por acaso.
Ben: Sim, depois percebemos que estávamos a fazer e assumimos isso. No início
não era necessariamente “vamos estar a fazer um disco pop” não, mas às tantas
percebemos que era isso que estávamos a fazer.
Alex: No início queríamos fazer uma coisa mais alternativa, mas eu lembro-me que
muitas das influências que o Ben estava a passar eram de artistas pop que
estavam a aparecer. Eu lembro-me, eu ouvi a Ellie Goulding pela primeira vez
porque o Ben me mostrou e na altura acho que ela ainda tinha acabado de sair o
primeiro álbum e ninguém estava a ouvir.
Ben: Já foi há alguns anos.
W&L: Vou ser sincera, vi-vos pela primeira vez
n’O Sol da Caparica e vocês em palco pareceram-me bastante energéticos e
interagem muito com o público. Para isso acontecer vocês fazem algum ritual ou
olham-se ao espelho e dizem “hoje vou dar um espectáculo excelente”, ou apenas
vai surgindo dependendo assim da recepção do público?
Alex: Há coisas como a recepção do público que é muito importante.
Ben: Sim, isso vai determinar …
Alex: Porque no fundo é um diálogo. Eu não posso estar só a falar agora contigo
e fazer-te perguntas e se tu não me responderes, eu não posso continuar com
esse diálogo. Então quando estás no palco a interacção do público tem muito a
ver com isso, com a resposta que o público nos dá. Mas antes de subir eu fui
adquirindo uma listazinha de rituais que só agora, aliás foi na Caparica (festival
O Sol da Caparica) que eu percebi que os tenho. Há coisas que eu não faço
sempre como por exemplo aquecer a voz, devia fazê-lo sempre e não o faço,
depois há uma que foi uma cena que o Ben me ensinou que é no teatro. Tu antes
de entrares para o palco ficas parado durante um tempo só a visualizar o que é
que vais fazer e eu gosto de fazer isso, até mesmo para perceber qual é o
tamanho do palco. E mesmo quando estamos a fazer o teste de som eu começo a
mexer-me que nem um maluco para perceber o que posso fazer e o que é que eu não
posso fazer durante o concerto. Outra é antes da entrada, eles entram primeiro
e fazem o intro e eu entro só a seguir, então eu fico a dançar lá atrás (risos).
Então na Caparica, não estava nada no mood, estava um bocado chateado porque
estavam a acontecer-me algumas coisas na minha vida pessoal, e de repente
quando oiço a música a tocar começo a dançar e a ficar automaticamente em modo.
(risos)
W&L: Pois, porque não se percebeu!
Ben: Já agora há uma coisa que nós fazemos sempre. Nós somos cristãos e tanto
eu como o Alex, uma das coisas que nós fazemos é juntar toda a gente, e aliás
estava lá o Samuel Úria que é nosso amigo que também é cristão, e disse “Samuel,
diz aqui uma palavra de oração connosco”, é um hábito que adquirimos e acaba
por nos concentrar. Aí pára tudo, pára o ruído todo.
Alex: Até mesmo antes de começarmos já fazíamos isso.
W&L: Sentem que a internet influencia o vosso
sucesso da forma a que chegam a mais pessoas?
Alex: Não só sentimos como vemos. É óbvio.
W&L: Acham que é ferramenta ideal para chegar às pessoas?
Alex: Para a nossa geração é e para os tempos que estamos a viver.
Ben: Não, para os tempos que estamos a viver é. É difícil passares um dia sem
ires à internet. Se eu for ainda mais específico, antigamente provavelmente era
mais difícil passares um dia sem ver televisão, neste momento é muito difícil
passares um dia sem ires ao teu Facebook ou Twitter, nem que sejam só aqueles cinco
minutos em que tu estás a ver o que é que se está a passar, o que é que as
pessoas estão a dizer, o que é que as pessoas estão a ouvir, partilhar … e tu
ficas logo a saber coisas como o Ice Bucket Challenge ou essa cena dos banhos
públicos ou sei lá, tu percebes que isso está a mexer as pessoas. No nosso caso
é a música, nós percebemos que as pessoas vão partilhando. Cada vez que nós
partilhamos qualquer coisa nova como um vídeo ou fotografias de um concerto ou
qualquer coisa que tenhamos que partilhar. Nós partilhámos um vídeo esta semana
que em menos de nada tinha trinta e tal pessoas a partilhá-lo portanto aí
percebes o que é que está trending ou o que é que está a chamar a atenção das pessoas.
Alex: Aliás esse vídeo chegou a pessoas do Brasil.
Ben: Eu acho que se conjugou uma série de coisas felizes que é o nosso
enriquecer grátis. Estar na internet é mais do que uma plataforma. Tu logo na
net tens acesso a fazer download e isso faz com que dissemine num instante e
era isso que nós queríamos que acontecesse, que mais do que tudo chegasse às
pessoas e continua a chegar. A internet é determinante para sermos
bem-sucedidos.
Alex: E no entanto não usamos a net numa forma exacerbada. Não estou a dar tudo
na internet. (risos)
W&L: Convém porque mesmo que apagues fica na cloud. (risos)
W&L: Como é que foi a sensação de estrear o
festival O Sol da Caparica?
Alex: Foi assustador porque era uma estreia. É o primeiro concerto da primeira
edição do festival que nunca tinha acontecido, nós não sabíamos quem é que ia
lá estar. Tínhamos noção que iam ver pessoas que não nos conheciam e foi o que
aconteceu. Então na maior parte dos concertos que demos antes acho que nós
sabíamos que iam lá estar pessoas que já nos conheciam então sabíamos que pelo
menos com essas pessoas nós podíamos contar. Nem que n’Optimus Alive tivessem só
10 pessoas íamos estar a dar tudo para essas 10 pessoas, felizmente estava
cheio (risos). Na Caparica para mim foi surpreendente e assustador por
isso, por haver a dúvida “ok, como é que vai ser? Vamos estar a tocar para uma
data de pessoas que não conhecem, nunca ouviram” e depois havia uma cena especial
que era a minha mãe foi (risos).
Ben: Ah, sim. Aliás para muitas pessoas que nós conhecemos foi a primeira vez
que nos viram até. É um bocado esquisito porque é um festival novo, é o
primeiro concerto e não sei, havia ali um desconhecido. E nós não demos assim
tantos concertos como D’alva mas eu senti uma coisa diferente em relação às
outras coisas que tocámos. Se calhar é um bocado como estás a dizer porque não
sabíamos exactamente o que ia acontecer.
Alex: Isto para mim tem sido interessante porque todos os concertos parece que é um case study. O Alive é a experiência
de estares num festival grande, depois a seguir fomos ao Teatro Circo de Braga
que é a experiência de estares num auditório e parece que é uma peça de teatro.
É completamente diferente, quase que me senti como se tivesse num musical,
aquilo era o Glee (risos) e depois tivemos num festival fora de Lisboa, num
festival de média dimensão vá.
Ben: Não, e antes ainda tocámos no Music Box.
Alex: Sim, mas aí era diferente.
Ben: Sim, também era um clube portanto cada sítio tem sido um bocadinho
diferente. Eu acho que na Costa da Caparica foi a coisa de “ok, aqui temos
mesmo que dar tudo porque a maior parte das pessoas que estão aqui não nos
conhece”, e foi para perceber o que de facto disseste que viste quando nós
tocámos se funciona, ok se vamos criar essa empatia como se as pessoas não nos
conhecem.
Alex: Acho que é a primeira vez que perguntam qual é a sensação de alguma coisa
e faz sentido porque há mesmo muitos feels (risos).
Ben: Eu saí desse concerto muito satisfeito e muito contente. Ainda por cima o
nosso palco, montes de gente que nós já conhecíamos, amigos nossos mesmo [uma
das nossas folhas voa e no meio de risos recuperamo-la] aliás nós só não
conhecíamos dali os Peste e Sida. Sim, nós já conhecíamos …
Alex: A Márcia, o Samuel e os [Capitão] Fausto.
W&L: E os Fausto viram o concerto do palco, nós vimo-los.
D’alva: Sim!
Ben: Mas foi fixe porque lá está somos amigos e ainda ninguém nos tinha visto a
tocar mas estavam todos com curiosidade, e foi um bocado quando chegámos lá
atrás “pessoal prova superada”. E mesmo no palco grande havia muita gente que
nós conhecíamos, foi um ambiente muito fixe nesse festival.
W&L: Até porque também eram só artistas e bandas portuguesas.
Alex: À excepção do Gabriel O Pensador (risos). Mas pelo que percebi era um
festival muito voltado para a língua portuguesa.
W&L: Era essa a ideia do festival.
Alex: Mas aquilo que eu achei excelente, sempre que posso faço um dia inteiro,
não acontece sempre, mas em que não esteja a trabalhar passo um dia inteiro só a
ouvir música portuguesa. Não tem de ser necessariamente só língua portuguesa
mas só música portuguesa, e dou por mim a pensar “agora é possível ouvir música
portuguesa, música bué fixe!”.
Ben: Finalmente há muita música boa.
W&L: Mas relativamente ao festival da Caparica, vocês até tiveram bastante
público e estavam lá muitos fãs.
Ben: Foi só esquisito começar o concerto
com as palavras do Presidente da Câmara [de Almada] assim: fazemos isto pela
paz e pelas crianças (risos). Mas pronto, de resto foi muito fixe. Fomos muito
bem tratados e foi altamente.
W&L: Qual foi o vosso concerto favorito até agora?
Ben:
A tocar?
W&L: A tocar, sim.
Ben: Acho que foi o Alive ou então o Music Box.
Alex: Sim, para mim é difícil escolher entre o Alive e o Music Box.
Ben: Também são diferentes.
Alex: O Music Box foi muito especial, foi mesmo muito especial. Temos tido uma
estreia muito … parecia que estavas numa festa com os teus amigos. Havia tanta
gente conhecida. Depois da primeira música, na “Frescobol”, eu cheguei - há um
vídeo disso na net - eu cheguei lá e só disse “eeeh” e o resto era só o pessoal
todo a cantar. (risos)
Ben: E foi aí que percebemos, aí e no Alive, percebemos que as coisas
estavam a correr mesmo bem. Foi um bocado esquisito mas foi fixe. Acho que
mesmo assim gostei mais do Alive.
Alex: Eu gostei do Alive pela experiência mas não sei, acho que consigo pôr o
Alive em segundo lugar.
Ben: No Alive havia muita aquela coisa de termos de superar a prova e
conseguimos fazer isso no final.
W&L: Mas no Alive também tocaram com mais pessoas que não estão habituados.
Ben: Sim. Havia muita coisa que podia correr mal. Mesmo ao fazer o som
percebeu-se que tinha-se de mudar na hora, sem se fazer som. Epá era muita dor
de cabeça, o pessoal da organização do Alive é que quis que nós mesmos
levássemos mais alguém. Mas concordo, é o Music Box. Era o primeiro concerto e
estava cheio …
Alex: Foi uma coisa muito isolada. Muito dificilmente vamos voltar a tocar num
sítio que esgota daquela maneira e que fica muita gente fora como estava lá
dentro. E não só, eu antes de entrar para o Music Box fui à fila falar com as
pessoas e havia pessoas que claramente não iam conseguir entrar.
Ben: Mas ainda estamos muito no princípio, ainda só demos quatro concertos mas
ainda temos muita coisa para ver, para aprender.
W&L: Mas acho que começaram muito bem porque nem todas as bandas têm essa
sorte.
Ben: Nós sabemos.
Alex: Até porque D’alva começou no Mexefest.
Ben: Portanto sim, nós sabemos que não é normal as coisas correrem tão bem e
tão rápido, mas também trabalhamos para isso.
W&L: Sim, claro.
Ben: Há o factor sorte, há o factor …
Alex: E há o factor dar tudo. Mais acção e menos conversa.
Barulho I com D'alva - Entrevista
Reviewed by Unknown
on
setembro 04, 2014
Rating: