Diabo na Cruz: Entrevista a Jorge Cruz
À conversa com Jorge Cruz no festival O Sol da Caparica.
Os Diabo na Cruz são uma banda portuguesa que cá já anda há algum tempo e é uma banda constituída por grandes nomes da música portuguesa: Bernardo Barata, João Pinheiro, João Gil, Manuel Pinheiro, Sérgio Pires e Jorge Cruz. Formada por Jorge Cruz, esta super banda portuguesa conta com grandes álbuns como “Roque Popular” e “Virou!”. Lançaram este ano um novo single de nome “Vida de Estrada”. A banda esteve presente na primeira edição do Sol da Caparica, onde tivemos a oportunidade de entrevistar Jorge Cruz e falar um pouco acerca da origem do nome da banda, do novo álbum, inspirações e acerca do divertimento notável da banda em palco. Fica abaixo a entrevista e algumas fotos da mesma.
Watch And Listen:
Achamos que o vosso nome, Diabo na Cruz, é muito peculiar e gostávamos de saber
o porquê da escolha.
Jorge Cruz: Pode haver
muitas razões mas a principal razão que eu acabo sempre por dar é Bon Jovi. E
Van Halen. São aquelas bandas que têm um gajo guitarrista, que dá o apelido
dele à banda. Eu criei um projeto de música tradicional no MySpace que se chamava
Diabo Na Cruz e quando formámos a banda, por acaso com uma outra lógica
diferente da do MySpace, queríamos um nome que desencadeasse assim uma banda de
rock, e então ficámos com Diabo Na Cruz. As pessoas parecem reagir bem. Algumas
pessoas não, os padres em particular. (risos)
W&L: A
próxima pergunta é acerca do novo álbum. Sabemos que não lançam algo há algum
tempo e gostávamos de saber se já têm algo em mente, se já sabem a data de
lançamento, etc…
Jorge Cruz: Está
a ser um processo longo e estamos a escrever há dois anos. O último álbum, “Roque
Popular”, saiu em Abril de 2012 e faz dois anos e pouco. O que temos feito é
gravar e tocar ao vivo. E o single que lançámos este ano (Vida de Estrada)
correu tão bem, que temos imensos concertos e acabamos, por vezes, por ter
menos tempo do que queríamos para estarmos em estúdio fechados a gravar e a
fechar o álbum. Está perto de estar acabado mas a data é difícil de prometer. Vai
ser este ano quase de certeza. A não ser que entremos numa onda Pink Floyd e
nos armemos mesmo em muito esquisitos. Bem, está quase pronto e acho que é o
melhor álbum de Diabo até agora. (risos)
W&L: Estamos
ansiosas então por ouvir o novo álbum. E fala-nos um pouco acerca das vossas
inspirações. Quais são as vossas maiores inspirações?
Jorge Cruz: Nós
inspiramo-nos em Portugal. Por exemplo, o meu puto hoje tá aí para ver o
concerto. Ainda ontem estivemos em Tomar a ver concertos de música tradicional.
Eu tenho o hábito de andar com ele às cavalitas, ele tem 5 anos. O meu pai
costumava estar exatamente comigo às cavalitas a ver bandas de música
tradicional portuguesa, nos anos 79, 80, 81... Eu lembro-me da sensação de estar com vontade de adormecer e querer dormir na cabeça dele, a ver música tradicional
portuguesa. Depois, cresci a ouvir a Rock ‘n’ Roll mesmo à séria. E a ideia
dessas duas coisas poderem estar juntas, era irresistível. E, essa é a principal
inspiração da nossa música. É nós querermos que ela exista. Não há muitas bandas
a fazerem coisas próximas de nós. Neste momento, estamos a ouvir Deolinda. Eles
também têm algumas referências próximas das nossas, mas é diferente. Nós somos
uma banda de rock. Partimos guitarras, saltamos da bateria e inspiramo-nos, às
vezes, em nós próprios para fazer a nossa música.
W&L: Dado que
o rock e a música tradicional são as vossas maiores influências, descreve-nos o
que significa isso para ti numa palavra.
Jorge Cruz: Numa
palavra? Missão.
W&L: Mas já
agora porquê? Ficámos curiosas.
Jorge Cruz:
Porque para nós é uma missão. Diabo é uma missão. É mais do que um divertimento
ou uma forma de ganhar a vida. É o passar a palavra, é o fazer as pessoas
passarem por isto. O mérito é mais delas do que nosso. As coisas pertencem-lhes
a elas, nós estamos simplesmente a divertir com algo que, às vezes, está
demasiado escondido.
W&L:
Estivemos a ver o vosso concerto há pouco, e notámos que vocês se divertem
mesmo em palco. A nossa questão é se isso é sempre, é mesmo vosso ou é só de
vez em quando?
Jorge Cruz: É
tramado. (risos) Porque se algum dia nos deixarmos de divertir temos que acabar
a banda. (risos) Porque já vamos para cima de cem, cento e tal concertos. Temo-nos
divertido em 99%. Às vezes há um problema por algo ter corrido mal, e uma
pessoa não se está a divertir tanto e sofre com isso…
W&L: A
disposição do público contribui para o vosso divertimento em palco?
Jorge Cruz: Mais uma
vez, é a tal missão. Nós temos mais do prazer, temos o sentido de ver cumprido
quando celebramos com as pessoas. Às vezes corre qualquer coisa mal, não estamos
a ouvir nada porque ou o som é mau ou o material é mau, ou então estamos demasiado
cansados. Diabo é um privilégio vindo do coração e estamos felizes pelas
pessoas reagirem à música da maneira que aconteceu hoje, mais uma vez. Estamos
aqui para continuar e para estar com as pessoas. Temos sempre algo para dizer e
agradecemos a aceitação que temos tido!
Texto de: Alexzandra Souza
Fotos de: Iris Cabaça
Diabo na Cruz: Entrevista a Jorge Cruz
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setembro 03, 2014
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