Entrevista a Orlando Santos
Entrevista com Orlando Santos no festival O Sol da Caparica.
O Watch and Listen esteve à conversa com o cantor e compositor Orlando Santos no Sol da Caparica. Na mesma falou-se sobre o seu álbum de estreia, sobre a sua vibe e ainda da história por detrás do instrumento oferecido por Ben Harper. Leiam a conversa descontraída que tivemos com o Orlando.
Sempre pensaste que
querias seguir uma carreira no mundo da música?
Não, sinceramente não. Isto para mim é como se fosse uma
dádiva porque até sou a pessoa menos formada da banda musicalmente. Se calhar
tinha era os genes da música porque o meu avô era músico em Angola e o
irmão da minha mãe também era músico. Se calhar tinha essa herança e não sabia,
desconhecia esse dom. Pensava que ia ser… não sei o que é que eu pensava que ia
ser…
Podes falar-nos um
pouco do teu álbum de estreia “My Soul”?
Posso dizer que foi fruto de alguns anos de escrita e de
composição com a minha sapiência ou não sapiência, mas foram sobretudo
canções feitas com episódios da minha vida, sobre coisas reais e espero que
seja bem aceite. Não sou o Mozart, não sou o Stevie Wonder, não sou um gajo que
também canta e quer entrar na competição musical com essas pessoas que estão e
vocês já conhecem. Eu só queria tocar e fazer o meu trabalho.
Tu tens uma vibe
muita tua e muito própria. Vais buscar inspiração à cultura jamaicana?
Alguma. Não só aí. Se calhar até vou buscar a ti, inspiração
convosco e com todas as pessoas que me rodeiam…
A própria essência da
música, nota-se que há ali qualquer coisa que faz-nos lembrar.
Sim, sabes porquê? Os meus pais são africanos, são de
Angola. Eu já nasci cá em Portugal porque houve uma altura em 1964 que havia
muita guerra e tivemos que vir para cá e então já nasci aqui. Tenho genes
africanos no sangue assim como tu.
O que eu estava a querer dizer é que o reggae é o meu género, é a minha ligação com África. Nunca estive na Jamaica, nunca estive lá a passar férias. Mas tinha que fazer algumas canções destas para me relembrar de onde venho e dar alguma flor aos meus pais e relembrar que eles também são africanos.
O que eu estava a querer dizer é que o reggae é o meu género, é a minha ligação com África. Nunca estive na Jamaica, nunca estive lá a passar férias. Mas tinha que fazer algumas canções destas para me relembrar de onde venho e dar alguma flor aos meus pais e relembrar que eles também são africanos.
Podes contar-nos um bocado
da tua história sobre o instrumento oferecido pelo Ben Harper?
Eu fui ver um concerto com um amigo nessa altura até não
tinha nenhum disco nem nada. Tocava em bares. Tocava covers do Ben Harper, e
ainda hoje toco, mas tocava nessa altura covers do Ben Harper e então um amigo
meu como tinha ganho um meet and greet do Ben Harper, e nós tínhamos ido ver o concerto ele passou o
concerto inteiro a chatear-me, a dizer-me “tu agora tens que ir ali comigo
conhecer o Ben Harper” e eu “mas eu não ganhei nada. Tu é que chegas ali e
vais entrar. As pessoas vão dizer-me que eu não posso entrar”.
O concerto foram três horas. Acabou o concerto e ele sempre a melgar-me, sempre a chatear-me entre aspas, a chatear-me não, mas assim a picar-me, a provocar-me para irmos lá, a tentar motivar-me e eu sempre assim um bocado cético. O que é certo é que o concerto acabou, ele foi lá, eu acompanhei-o até ao recinto onde o Harper estava e ele disse assim “pera aí” e entrou e passado logo um minuto ou dois vem aqui uma pessoa chamar por mim e estavam aqui umas 100 pessoas, e estava num sítio um pouco mau para passar a perna a estas 100 pessoas porque podiam dar-me uma surra, não é? Mas depois eu cheguei ali e agradeci ao Harper pelas músicas dele, pelos concertos e até lhe disse que as músicas dele alumiaram-me o caminho em tempos mais difíceis da minha vida ou em tempos menos bons. De certeza forma agarrei em palavras dele e algumas frases assim como outros compositores, não só o Harper. O Marley, por exemplo, sempre me agarrei assim a frases e a compositores com frases positivas. E agradeci-lhe por isso (ao Harper) e disse-lhe que não havia guitarras dessas a vender cá em Portugal e ele ficou muito admirado e ofereceu-me a sua (risos). Ele: “O quê não há guitarras dessas? A sério?” e eu “Não, é muito caro” e ele “a sério? Então toma lá a minha!”
O concerto foram três horas. Acabou o concerto e ele sempre a melgar-me, sempre a chatear-me entre aspas, a chatear-me não, mas assim a picar-me, a provocar-me para irmos lá, a tentar motivar-me e eu sempre assim um bocado cético. O que é certo é que o concerto acabou, ele foi lá, eu acompanhei-o até ao recinto onde o Harper estava e ele disse assim “pera aí” e entrou e passado logo um minuto ou dois vem aqui uma pessoa chamar por mim e estavam aqui umas 100 pessoas, e estava num sítio um pouco mau para passar a perna a estas 100 pessoas porque podiam dar-me uma surra, não é? Mas depois eu cheguei ali e agradeci ao Harper pelas músicas dele, pelos concertos e até lhe disse que as músicas dele alumiaram-me o caminho em tempos mais difíceis da minha vida ou em tempos menos bons. De certeza forma agarrei em palavras dele e algumas frases assim como outros compositores, não só o Harper. O Marley, por exemplo, sempre me agarrei assim a frases e a compositores com frases positivas. E agradeci-lhe por isso (ao Harper) e disse-lhe que não havia guitarras dessas a vender cá em Portugal e ele ficou muito admirado e ofereceu-me a sua (risos). Ele: “O quê não há guitarras dessas? A sério?” e eu “Não, é muito caro” e ele “a sério? Então toma lá a minha!”
Quais são as tuas
maiores inspirações musicais?
As principais são três: o Ben Harper, o Bob Marley, e o BB King. Todos com B.
Entrevista a Orlando Santos
Reviewed by Watch and Listen
on
setembro 01, 2014
Rating: