Para descobrir: GPU Panic
GPU Panic é o projeto a solo de Guilherme Tomé Ribeiro, o vocalista e guitarrista dos Salto. O artista aventura-se num trabalho realmente diferente dos Salto, visto que, as músicas que cria aqui são num registo muito mais eletrónico e experimental.
Em setembro do ano passado saiu o primeiro EP de GPU Panic, que contém três músicas ("Tanger", "Bangkok" e "Cayucos"), onde se pode ouvir as texturas, os sintetizadores e os beats que o caracterizam. No mês seguinte, em outubro, foi rumo a Montreal, no Canadá, para a edição da Red Bull Music Academy de 2016. Nessa viagem estreou o primeiro single do EP, "Tanger", e realizou a sua primeira atuação ao vivo. A seguir, regressou a Portugal e tocou em algumas das salas mais conhecidas do país, tais como, o Lux Frágil, o Musicbox e o Plano B. Este ano também atuou no Lisboa Dance Festival, em que foi um dos convidados na curadoria de Moullinex, e fez uma mini-tour nos Estados Unidos, tendo passado pelo SXSW, no Texas, Los Angeles, São Francisco e Nova Iorque. E ainda lançou um tema, "Melting Haze". No momento, o músico prepara-se para lançar novas canções.
Se ainda não tiveram a oportunidade de verem GPU Panic ao vivo, podem ir ao Musicbox no dia 27 de abril. No evento Elective Affinities Vol. 2 que irá contar, igualmente, com Mr. Herbert Quain e Daedelus.
Fiquem com algumas perguntas que fizemos a GPU Panic:
Qual
foi o momento da tua vida em que percebeste que querias começar a fazer música?
Em
2007, com o Luís, demos o primeiro concerto com o nome “Salto”. Não tínhamos
grande noção do que é que estávamos a fazer, nem do que vinha a seguir. Nessa
altura passávamos o tempo, que não tínhamos aulas, em casa um do outro a tocar
e a tentar fazer as nossas primeiras músicas. Daí até lançarmos a primeira
música com Salto, foi um instante sem na verdade uma grande noção do que
continuava a acontecer. Não estávamos a pensar em carreira. Não havia noção
nenhuma disso. Havia só uma vontade grande de tocar, fazer música e de
partilhar isso. A primeira música editada, “Por Ti Demais” (2010), acabou por
dar o mote a que mais coisas pudessem acontecer. Depois disso veio o primeiro
álbum de Salto (2012), um EP (2014) e o segundo álbum de Salto (2016). Só depois
deste percurso todo, no fim de 2016 é que lancei pela primeira vez música a
solo. Nasce GPU Panic. 2016 foi um ano em que aconteceram muitas coisas,
algumas bastante inesperadas como participar na Red Bull Music Academy em
Montréal, outras planeadas como o lançamento do segundo álbum de Salto “Passeio
das Virtudes”. Nestes últimos anos e de uma forma cada vez mais intensa, a
minha vida está completamente interligada com fazer música, pensar discos, EPs,
concertos, gravações, por isso acho que não houve um momento específico mas sim
um caminho muito natural.
Como
é o teu processo criativo?
Em
GPU Panic tem sido uma descoberta. Estou a lançar pela primeira vez música a
solo e num registo pouco familiar para quem conhece a música que faço com os
Salto. O meu processo criativo em GPU tem passado por muita experimentação e
por muitas horas no estúdio a gravar e a tocar. É um processo diário. Muitas
horas seguidas em que procuro sons que não conheço e texturas e cores que
raramente tinha usado até agora. Uso a voz como um “sample”, uma textura, um
efeito melódico, sem palavras mas que de certa forma verbaliza uma intenção e
uma direcção. Experimento sintetizadores e foco-me muito na textura que
transmitem. Construo beats que tenham peso e façam mexer. “Samplo” sons da
minha própria casa que ganham um propósito completamente novo numa música. As
músicas seguem uma forma bastante livre a nível de estrutura. Não há
formatações. Tanto posso ter uma música com 3 como de 12 minutos. Só depende se
já “disse” tudo o queria dizer com aquela música ou não. Por ser um processo
tão recente, tenho a noção que vai mudar muito com o tempo e que provavelmente
um terceiro EP terá outro tipo de descobertas e de experiências.
Descreve
o teu projeto numa frase.
“Uma
ode à dependência tecnológica.” Nasceu disso. Um computador defeituoso que ao
mesmo tempo é uma ferramenta imprescindível para a música que faço.
Se
a tua carreira musical fosse um filme, qual seria?
Cinema
mudo a preto e branco, com legendas em chinês, filmado com um telemóvel sempre
com um dedo parcialmente à frente. Daqui a uns anos deve ser diferente.
O
que esperas alcançar em 2017?
Em
2017 estou a preparar o lançamento do meu segundo EP. Saiu agora o primeiro
single “Melting Haze”, que foi estreado pela Red Bull Music Academy, via
Soundcloud. É um ano que até agora tem tido bastantes concertos. Em Março
toquei no SXSW, Texas, com a Discotexas
- Moullinex, Xinobi, Da Chick e Bufi, e depois fiz mais algumas datas
juntamente com o Moullinex e a Da Chick - The Echoplex em Los Angeles, Neck of
The Woods em São Francisco e Baby’s All Right em Nova Iorque. Depois também
estive emissão especial do Ginga Beat, da Red Bull Radio, onde toquei um
showcase e falei sobre a experiência na Red Bull Music Academy e sobre os
concertos nos US. Agora estou a preparar o resto do ano relativamente a
concertos. Estamos a preparar um bom número de concertos dentro e fora de
Portugal, para dar a conhecer o “live” de GPU Panic e o novo EP.
Foto: David Tutti Dos Reis
Para descobrir: GPU Panic
Reviewed by Watch and Listen
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abril 10, 2017
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