Barreiro Rocks 2017: uma carta de adoração ao festival


A 17ª edição do Barreiro Rocks realizou-se nos dias 3 e 4 de novembro, no Grupo Desportivo dos Ferroviários do Barreiro. Ao longo destes dois dias houve muito rock, obviamente, muitos moshes, crowdsurfing, cerveja no ar e muito mais. Assim, esta é uma carta aberta de adoração ao festival.

Para começar, foi a primeira vez que eu, uma barreirense, visitou o festival mítico desta cidade da Margem Sul. Honestamente, não sei porque é que demorei tanto tempo a ir, mas este ano finalmente aconteceu. As expectativas já estavam um bocado elevadas, devido a fotos e vídeos que vi dos anos anteriores, e, mesmo assim, conseguiram ser superadas. Desde ao espírito que se vive lá até aos espetáculos únicos, tudo foi muito melhor do que estava à espera. Definitivamente será para repetir no próximo ano. Em relação aos concertos, foram mesmo inesquecíveis e muitos foram as prendas mais subestimadas do ano. Pois, foram tantos bons que só poderiam ter ocorrido neste festival.

No primeiro dia, 3 de novembro, The Brooms, Mighty Sands, Mr. Gallini, Samesugas, Debut!, Johnny Throttle, El Señor e María P tiveram a honra de arrancarem com estes dois dias de Barreiro Rocks. Os The Brooms iniciaram o palco principal onde deram o seu toque de rock e até chamaram uma fã sortuda ao palco. Enquanto que, os Mighty Sands reviveram o psicadelismo dos anos 70 no seu regresso ao festival. A galinha acordou de noite no bar, e Mr. Gallini chegou com a sua euforia especial na guitarra e letras melancólicas. Os espanhóis Samesugas, vindos de Santiago da Compostela, mostraram que o rock do outro lado da Península Ibérica também é recomendável. A dupla Debut!, de Cláudio Fernandes e Diogo Vaz, foi uma das descobertas da noite, para mim. Ambos conseguiram misturar rock, punk e eletrónica num espetáculo imparável onde era impossível não se mexer os pés ou a anca. A outra descoberta da noite chama-se Johnny Throttle e afirmaram do que o punk rock é feito: riffs majestosos, suor, uma voz poderosa e muita loucura na festa. O vocalista Afonso Pinto soube dominar o público com a sua forte presença em palco. Diretamente de Fafe, os El Señor deram o último concerto desta noite, já numa hora tardia, com direito a tudo: moshes, crowdsurfing, invasões de palco, fãs a cantarem e um baterista no chão. Portanto, foi a melhor forma de se acabar em grande. Depois, María P continuou a dar música na madrugada.

Barreiro Rocks 2017: 1º dia

No segundo e último dia, 4 de novembro, terminou com concertos de Cave Story + Duquesa + Ra Fa El, Stone Dead, Moon Preachers, The Twist Connection, Tracy Lee Summer, The Cavemen, The Dirty Coal Train e o DJ set de Candy Diaz. O supergrupo formado por Cave Story + Duquesa + Ra Fa El abriu o palco principal. Juntos tocaram temas de cada projeto dos músicos presentes dando um toque diferente com esta formação ao vivo. Os "good boys" Stone Dead pisaram o palco a seguir e comportaram-se muito bem a transpirarem post-punk por todos os lados. No bar, os Moon Preachers deram início à loucura. Vindos de Coimbra, os The Twist Connection mostraram que ser-se simples e trios são bons, ou seja, não precisaram de muita coisa para darem um grande concerto. Apenas foi necessário boas músicas. A bateria tocada por Carlos Mendes foi, sem dúvida, a estrela deste concerto. Samuel Silva na guitarra e Tiago Coelho no baixo também ajudaram nesta festa carregada de rock'n'roll, groove e refrões sonantes. A tocar em casa estavam os Tracy Lee Summer. Os barreirenses fizeram as pessoas no bar quase voarem até tocarem no teto. Os The Cavemen encerraram o palco principal e foram uma das maiores surpresas da noite. A banda da Nova Zelândia provou que o punk-rock está mais do que vivo. Instalou-se a euforia total, sendo que, houve uma grade levantada na fila da frente do palco. Deram espetáculo com as suas músicas curtas que entram por um ouvido e voltam a entrar por outro. Daqui a algum tempo de certeza que voltarão a Portugal para tocarem num festival maior. Do outro lado do rio, a encerrar os concertos deste dia final e no bar chegaram os lisboetas The Dirty Coal Train a arrasarem com o seu garage punk. Candy Diaz deu um DJ set até ao final da noite.

Barreiro Rocks 2017: 2º dia

Finalmente entendi porque é que o Barreiro Rocks é um festival tão especial, e quando se vai apenas uma vez não se quer outra coisa. Durante estes dois dias foi possível assistir a concertos de bandas portuguesas recentes, mas que começam a marcar a sua grande posição na música nacional. Ao mesmo tempo, descobri novas bandas, nacionais e internacionais, que de outra forma não teria acontecido. 

Texto e fotos: Iris Cabaça
Barreiro Rocks 2017: uma carta de adoração ao festival Barreiro Rocks 2017: uma carta de adoração ao festival Reviewed by Watch and Listen on novembro 14, 2017 Rating: 5

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