Bons Sons 2018: primeiro dia
O Bons Sons regressou a Cem Soldos para mais uma edição. De 9 a 12 de agosto, o festival levou o melhor da música nacional até à aldeia. O cartaz contou com nomes como Slow J, Salvador Sobral, Conan Osiris, Dead Combo e muitos mais.
O primeiro dia na aldeia começou
cedo, mas com toda a energia. Às 14h já o palco Música Portuguesa a Gostar Dela
Própria aquecia com Palankalama, para os primeiros festivaleiros a aparecer em
Cem Soldos. O calor das primeiras horas da tarde foi trazendo mais pessoas
aldeia acima, e Lince abriu o palco Giocometti com uma plateia atenta e bem
composta.
Mas não foi só de concertos que
se fez o Bons Sons, e já no primeiro dia se pôde contar com atividades em diferentes
pontos da aldeia, desde momentos para crianças até momentos para toda a família.
O sol quente e as poucas sombras puseram o público a mexer pelas ruas de Cem Soldos,
e eis que “viver a aldeia” se tornou ainda mais real.
Com nomes variados e espalhados
por todos os palcos do festival e uma hora de jantar acompanhada com The Lemon
Lovers, o primeiro dia do Bons Sons ficou marcado pelos últimos concertos:
Salvador Sobral, Selma Uamusse, Slow J.
Ainda não tinha chegado a hora e
já o Palco Lopes Graça estava cheio para receber Salvador Sobral. Quando o relógio
apontou as 21h45, o palco acendeu para uma plateia que não se via onde acabava.
Com um look diferente daquele a que todos o associam, Sobral chega a
Cem Soldos com menos cabelo, mas com a mesma energia. Trouxe uma banda completa
capaz de o acompanhar em todas as melodias, com uma conexão e harmonia rara de
se ver.
A setlist percorreu as várias
músicas do álbum a solo do artista, bem como algumas do projeto Alexander Search,
que tem com a banda que o acompanhou em Cem Soldos. Naquele palco amou-se
muito, e inevitavelmente amou-se pelos dois: o tema mais conhecido do artista
não ficou de fora da lista e contou com um público emocionado e capaz de cantar
em sing-along todos os versos.
O concerto foi longo, cheio de
conversa e com muita emoção. Os improvisos fizeram parte, e os sons de jazz ecoaram
por toda a aldeia. O encore, com duas músicas perfeitas para o fim, deixou em
aberto tudo o que a primeira noite do festival ainda tinha para dar.
Fado Violado atuou a seguir, num
intervalo que permitiu a muitos ir petiscar ou descansar um pouco.
O palco Lopes Graça voltou a acender
às 00h15, para receber os ritmos africanos de Selma Uamusse. Os sons de moçambique
puseram o público a dançar e os corações a aquecer, numa celebração aberta da
alegria e do amor. No dia 9, a aldeia parou para ouvir Selma e se deixar levar
pela sua voz e os movimentos do seu corpo: o microssistema da aldeia encheu-se
de sons e batidas mexidas e emoções fortes.
Slow J fechou os concertos da
noite, num palco Zeca Afonso bem preenchido. O jovem músico de 25 anos visitou
Cem Soldos pela primeira vez e não deixou de agradecer o público que o recebeu:
relembrou que as músicas que faz, sozinho no quarto, são um reflexo do
dia-a-dia e daquilo por que todos passamos, e que se há uma evolução pessoal e profissional
esta se deve a quem o ouve e segue. Os sons de J tocam sempre na saudade que
se sente e trazem, ao mesmo tempo, algo novo, todas as vezes. Acompanhado da
sua guitarra, o artista fez história num novo palco, mas, muito provavelmente,
com a plateia de sempre.
O dia fechou com DJ set de Xinobi
para os mais resistentes, e com a madrugada se trouxe o segundo dia do
festival.
Texto: Carolina Alves
Fotos: Miguel Rocha
Bons Sons 2018: primeiro dia
Reviewed by Carolina Alves
on
setembro 03, 2018
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