Indie Music Fest 2018: o paraíso mágico
O Indie Music Fest regressou ao Bosque Mágico do Choupal, em Baltar, para a sua sexta edição. Nos dias 30 e 31 de agosto e 1 de setembro, o festival deliciou os fãs da música nacional com vários artistas de géneros diferentes. Ao longo dos três dias, houve muitos concertos inesquecíveis.
1º dia
O primeiro dia, 30 de agosto, foi um aquecimento para os dias seguintes. Vindos de Braga, os Quadra abriram o Palco Cisma. A banda formada por Sérgio Alves (baixo), Gonçalo Carneiro (guitarra), Hugo Couto (bateria), Sílvio Ren (guitarra) e Lucas Palmeira (sintetizadores) não têm letras, mas as suas músicas instrumentais não precisam disso. Passando para um trio, os lisboetas Huggs abriram o Palco Relva. Duarte, Guilherme
e Jantonio vieram mostrar os seus temas de smooth garage rock misturados com letras sobre dor e aborrecimento. Também falaram sobre fim dos The Orwells, que acabaram devido a acusações de abusos sexuais, e deixaram a mensagem que não se deve fazer isso. Um grupo claramente novo, como se notou devido a alguns problemas técnicos, mas que tem tudo para evoluir e triunfar na música nacional. Os Travo trouxeram psicadelismo ao festival, algo que ainda estava em falta neste dia. Já os Glaucoma vieram com o seu puro rock. A encerrar o Palco Cisma, estiveram os Gator, the Alligator para apresentarem alguns temas do seu primeiro álbum que sairá dia 31 de outubro. Alguns minutos depois do concerto ter começado, notou-se que a banda tem algumas semelhanças com os King Gizzard and the Lizard Wizard, que semanas antes atuaram no Vodafone Paredes de Coura. A sonoridade é bastante parecida à da banda australiana, o que torna difícil de se ignorar. Contudo, parece que o público gostou da ideia durante o concerto. Os The FAQs subiram ao Palco Relva para darem por terminado o este primeiro dia de festival. O grupo formado por Henrik Beck (vocais), Vasco Tudela (guitarra), Chico Almeida (percussão) e Tommy Hogg (baixo) ainda tem poucas músicas no reportório, mas souberam fazer a festa na mesma. Os seus temas punk rock cantados ora em inglês ora em português, levaram o público à loucura com tantos moshes e crowdsurfing. "Punhetas", provavelmente o tema mais popular, foi o mais aplaudido e cantado que até houve uma repetição no encore. Assim, terminou o primeira dia de concertos no Bosque Mágico do Choupal.
2º dia
A começar o segundo dia, 31 de agosto, um Pé Grande, que é o projeto de Tiago Lopes tornou o Palco Cisma num showcase bastante intimista e com pessoas sentadas a verem. As suas músicas folk calorosas encantaram o público e aqueceram vários corações. Passando para os Máquina del Amor, a banda de Braga introduziu uma viagem pelos seus temas sonhadores. Já o concerto dos Prana parecia promissor, mas apenas se aproveitou a parte instrumental. A noite ia chegando, e os Vaarwell subiram ao Palco Cisma. A banda de Lisboa trouxe o seu álbum de estreia, HOMEBOUND 456, que foi editado em março do ano passado. O dream pop do trio eletrizou o público com as suas músicas que têm letras profundas e que, ao mesmo tempo, puxam por um pé de dança. O tempo e a hora estavam ideias para este concerto o que o tornou ainda mais bonito. A seguir, os Solar Corona deram o que os seus fãs esperavam: psicadelismo instrumental e muito loucura. Depois, Iguana Garcia veio mostrar a sua eletrónica alternativa e meteu as pessoas a dançarem. Com o tema "60FK", notou-se que o público sabia a letra toda de cor. De volta ao rock, os Keep Razors Sharp voltaram ao festival, após terem passado pelo mesmo em 2015, para apresentarem alguns temas novos do próximo disco que sairá este ano. A segunda passagem por Baltar valeu a pena porque a banda voltou ainda melhor do que há três anos atrás. A realidade é que os Keep Razors Sharp são os senhores do rock português e vieram prová-lo novamente neste concerto. As músicas do primeiro trabalho homónimo foram as que tocaram mais nas pessoas presentes. Vindos do Porto, os Enes vieram com o seu rock eletrónico e roupas com luzes. Houve fãs em palco, moshes e stage diving ao longo do espetáculo ao verdadeiro estilo rock'n'roll. O melhor dos melhores estava para vir no penúltimo concerto da noite: Throes + The Shine. A banda que tem percorrido a Europa a espalhar o que sabe fazer bem, finalmente chegou ao Indie Music Fest para partir tudo. Com os seus temas que misturam rock e música africana, da maneira única como eles fazem, conseguiram meter as pessoas a dançarem desde a primeira fila até à última. Foi, sem dúvida, o concerto onde estavam todos a dançarem e bastante efusivos. A banda deu tanto de si que Mob, o vocalista, até caiu do palco para o fosso, mas levantou-se logo e continuou a festa. Ainda apresentaram três canções novas que farão parte do novo álbum. Este concerto foi o maior e melhor que não se esperava neste dia no festival. Quem fechou este segundo dia foi Yuzi, o prodígio do trap nacional, que contou com um grande número de fãs para o verem. Surpreendido por ver tantas pessoas presentes e a cantarem as suas canções, deu-lhes o que queriam. "TSUBASA", "Plug on the Phone" e "Tomás" foram alguns dos temas que animaram os seus fãs.
3º dia
O terceiro e último dia, 1 de setembro, começou com dois momentos especiais proporcionados pela Antena 3. O primeiro foi uma conversa com Mundo Segundo, onde foi abordado o seu percurso musical, e o segundo foi um showcase de Luís Severo onde cantou músicas dele, de Filipe Sambado e Conan Osiris, algo que era para ter sido uma parceria entre os três artistas. The Jaqueline, no Palco Cisma, e NU, no Palco Relva, tiveram a honra de iniciar os concertos finais. A abrir o Palco Antena 3, estiveram os Trêsporcento com o seu rock intemporal. O grupo veio apresentar o seu terceiro disco, Território Desconhecido (2017), num concerto que aqueceu os fãs do género. Quanto aos Panado, a banda deu o seu último concerto no festival infeliz ou felizmente para quem já os viu ao vivo. Os :papercutz, o projeto de Bruno Miguel que ao vivo conta com Catarina Miranda (Emmy Curl) e André Coelho, encantaram os indies com a sua electro-pop sonhadora. Um sonho daqueles em que não se quer acordar por ser tão bonito. Foi a sensação que se teve ao longo deste concerto. Outro mais bonito estava para vir com Luís Severo, talvez um dos nomes mais aguardados da noite, que deu um dos últimos espetáculos da tour do seu segundo disco. Notava-se que Severo estava feliz por estar ali, e o público também estava por o ver. Até quando falou mal da capital ficou surpreendido com a reação das pessoas. Acompanhado pela sua banda (Bernardo Álvarres, Diogo Rodrigues e Manuel Palha), concretizou a melhor despedida dos concertos. Inclusive, fez um encore e tocou "Olho de Lince", um tema pedido por vários fãs. A seguir, Filipe Sambado & Os Acompanhantes de Luxo chegaram com o seu novo álbum, que saiu em março deste ano, para destruírem barreiras. A irreverência de Sambado como se apresenta em palco e nas suas letras é o que o torna tão único, e veio mostrar porque o é, mais uma vez. Luís Severo subiu ao palco, novamente, para cantar com o seu amigo num momento realmente carinhoso. Mundo Segundo, um dos grandes nomes do hip-hop nacional, encerrou o Palco Antena 3 com a sua banda. Uma aposta que, para o festival, podia parecer arriscada, mas que correu bem e foi uma das maiores enchentes da noite. A energia sentida pelo público durante o concerto foi inexplicável e maravilhosa de se assistir. "Brilhantes Diamantes", um dos maiores hinos do hip-hop português, constou no alinhamento e as pessoas ainda sabiam a letra de cor. Este concerto foi uma prova que se pode trazer mais artistas deste género musical ao festival. A noite acabou em grande com o concerto de Conan Osiris, que antes tinha passado pelo Vodafone Paredes de Coura. Houve problemas técnicos com o microfone, algo que o artista foi-se queixando mas que nada mudou. Apesar disso, Osiris e João Reis Moreira, o seu bailarino, deram tudo na mesma e fizeram o espetáculo mais animador deste Indie Music Fest. Houve dança, tanto em cima do palco como fora, letras sobre pastelaria e muita loucura. Desta forma, os concertos acabaram da melhor forma e houve DJ set de Solution o resto da noite.
Texto e fotos: Iris Cabaça
Indie Music Fest 2018: o paraíso mágico
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outubro 11, 2018
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