As férias em família revitalizantes dos Salto
Os Salto editaram o seu novo álbum, Férias em Família, no dia 26 de outubro. Este é o terceiro trabalho de estúdio da banda do Porto, que esteve cerca de dois anos na incubadora. Apresentam, mais uma vez, uma sonoridade diferente.
No primeiro disco homónimo, lançado em 2012, a banda foi por um caminho electro-pop e daí saíram alguns dos seus maiores singles "Deixar Cair" e "O Teu Par". Já no segundo longa duração, Passeio das Virtudes (2016), criaram um som mais orgânico, com menos samples, mas conseguiram juntar o melhor dos seus mundos: eletrónica e instrumentos tradicionais.
Agora, no Férias em Família é possível ouvir-se a evolução natural de Guilherme Tomé Ribeiro, Luís Montenegro, Tito Romão e Filipe Louro enquanto músicos. Neste álbum, regressam aos primórdios dos seus primeiros anos de carreira quando Guilherme e Luís faziam temas acústicos. É, na verdade, um culminar de tudo o que fizeram até ao momento.
Quando lançaram o single "Rio Seco", soube-se logo que nunca se tinha ouvido os Salto desta forma tão simples e bela. Com uma música assim, era certo que viriam com um novo som, e foi o que realizaram.
Infelizmente, Férias em Família tem apenas nove músicas e acaba em menos de quarenta minutos porque tudo o que é bom acaba depressa. No primeiro tema, Guilherme anuncia que vai "Cantar Até Cair" e parece que é o que faz ao longo do álbum. Além disso, as letras estão repletas de emoção, o que se transporta para a voz do vocalista. Em "Rio Seco", "Ninguém Te Viu" e "Coração Aberto" são as que melhor representam o tumulto sentido. Já "Memória de Elefante" e "Casa de Campo" são um pouco mais obscuras. Com estas letras também exploram outro lado que ainda não se tinha visto do grupo.
Quanto às melodias, despem-se um bocado da electro-pop, e optam por um som mais clássico que lhes assenta na perfeição. Nota-se, claramente, os instrumentos em cada música, incluindo, a guitarra e até violoncelo, tocado por Tito. Ao mesmo tempo, ainda utilizam os sintetizadores tão característicos e presentes nos seus trabalhos. Esta fusão, e da maneira como a fizeram, aperfeiçoa a sonoridade da banda que andaram a construir nos últimos anos. Basta ouvir-se os álbuns anteriores para se entender isso.
Assim, os Salto conseguiram tornar quarenta minutos numas férias em família sonhadoras, revigorantes e memoráveis. As músicas deste álbum são intemporais e daqui a dez anos, ou mais, ainda farão sentido. Mais uma vez, mostraram o que sabem fazer e bem e na melhor altura. E ainda bem que levaram os ouvintes nas suas férias.
A banda irá apresentar o novo álbum com dois concertos. Dia 6 de dezembro no Lux Frágil, em Lisboa, e dia 2 de fevereiro na Casa da Música, no Porto. Os bilhetes custam 10€.
As férias em família revitalizantes dos Salto
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novembro 02, 2018
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