Super Bock Super Rock 2019: a noite foi de Christine and The Queens
O segundo dia do Super Bock Super Rock foi um pouco mais calmo do que o primeiro e trouxe boas surpresas. Um line-up mais virado para o rock, eletrónica e pop fez jus ao cartaz coeso deste ano. Também foi um dia que contou com vários artistas vindos de França.
Os Fugly abriram o Palco LG by Rádio SBSR.fm neste segundo dia. A banda do Porto desceu até à Margem Sul para mostrar o seu punk-rock. Pedro Feio (guitarra e voz), Rafael Silver (baixo), Nuno Loureiro (guitarra) e Ricardo Brito (baterista que também toca com os The Parkinsons) explodiram este palco pequeno e fizeram o público suar ainda mais com as suas músicas do álbum Millennial Shit. Foram os primeiros a levantar pó com os moshes e crowdsurfing que as pessoas começaram a fazer. Os seus temas rápidos resultam bem em ambientes destes, e as reações falam por si mesmas.
Para quem está sempre a dizer que falta rock num festival que tem essa palavra no nome, depois de Fugly vieram os Shame com o verdadeiro espírito rock'n'roll a abrirem o Palco Super Bock. Como o vocalista Charlie Steen disse durante o concerto, o grupo do sul de Londres atuou três vezes em Portugal apenas com um álbum, Songs of Praise (2018), e percebeu-se o porquê. A energia que têm em palco é contagiante, e, apesar de terem atuado para poucas pessoas que estavam junto ao palco, conseguiram dar bem a volta e rapidamente se esqueceu esse aspeto. Os cinco rapazes transpiram punk por todos os lados e não conseguem ficar quietos. A certo momento, Charlie Steen foi ter com o público e atirou-se para cima e faz crowdsurfing, o que o deixou com um sorriso estampado na cara. Nota-se que se divertem em palco ao mesmo tempo que são sérios são as suas músicas. Além dos temas do primeiro disco, estrearam um novo, Exhaler, que deverá fazer parte do novo trabalho. De certeza que virão a Portugal muitas mais vezes.
A melhor surpresa desta noite foi, sem dúvida alguma, a estreia de Christine and The Queens em Portugal. Num dia repleto de nomes franceses no cartaz, Heloise Letissier foi a primeira a pisar o palco principal. Começou com Comme Si e foi alternando entre músicas dos seus dois álbuns, Chaleur Humaine (2016) e Chris (2018), cantando tanto em francês como em inglês. Também não se encontravam muitos espectadores no princípio do concerto por ter apanhado o concerto dos Capitão Fausto, que encheram o Palco EDP, mas no final chegaram mais pessoas, e a própria mostrou-se chocada, "wow, people came!" (uau, as pessoas vieram!). O espetáculo que deu foi, provavelmente, um dos melhores nos últimos tempos a que se assistiu nos festivais nacionais. Os bailarinos as mostrarem as suas coreografias bem ensaiadas, as pequenas representações dramáticas que eles e Christine faziam e a pop perfeita dos seus temas tornaram o concerto num dos melhores do festival nestes três dias. Quando Christine dança nota-se as influências claras de Michael Jackson, e fez uma homenagem a outra das suas refêrencias: David Bowie, cantando Heroes. Também se ouviu Sicko Mode de Travis Scott a seguir a Science Fiction. Em cerca de uma hora, conseguiu juntar tudo o que se pede num espetáculo pop: dança, diversão, carisma e música cativante. Só é pena não ser um nome maior em território nacional, porque é um concerto obrigatório de se ver.
A seguir vieram os Phoenix, talvez o nome francês mais conhecido deste dia, que de repente encheram o recinto. Este foi o último concerto da sua tour, e acabaram em grande. Pode apelidar os músicos franceses de veteranos, porque já andam nesta indústria há bastante tempo e deixaram a sua marca. Desta forma, conseguem chegar as todas as gerações que assistem aos seus concertos. Pois, a sua sonoridade indie-rock misturada com sintetizadores e refrões pop contribui para essa expansão. J-Boy, Lasso e Entertainment foram os primeiros temas com que arrancaram em força e causaram logo o delírio do público. A setlist foi uma espécie de best-of da sua carreira com Ti Amo, 1901 e Bankrupt!. No final, o vocalista Thomas Mars desceu do palco e fez crowdsurfing durante algum tempo. A banda fez a sua parte de trazer um concerto divertido, e quem a viu ficou feliz.
A fechar o palco principal esteve Kaytranada, que também se estreou no nosso país. O mote que iniciou o concerto foi "you're watching Kaytranada live" (estás a ver Kaytranda ao vivo), e finalmente aconteceu. O produtor e DJ tocou alguns dos seus temas, como, Lite Sports, Glowed Up com Kaytranada e You're The One com Syd (dos The Internet), enquanto alternava com remixes de músicas conhecidas ATM Jam de Azealia Banks e Kiss of Life de Sade. Nos ecrãs que tinha à frente e atrás, lia-se a frase "from the basement to the dancefloors" (da cave para as pistas de dança), e a verdade é que a sua saída da cave conseguiu tornar o recinto do festival numa pista de dança.
Super Bock Super Rock 2019: a noite foi de Christine and The Queens
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julho 23, 2019
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