Vodafone Paredes de Coura 2019: as animações do último dia
E como no Vodafone Paredes de Coura o tempo passa tão
depressa como devagar, cedo chegou o dia de fecho do festival. A última Vodafone Music Session foi também a mais especial, com umas palavras da organização do
festival e um concerto curto e intimista de Time for T.
João Carvalho foi direto, mas não
se poupou nas palavras: esta foi a melhor edição de sempre do Paredes de Coura.
Elogiou o “casamento” com a Vodafone e lembrou todo o trabalho que envolve a
organização do evento. A parceria dura há oito anos e tem batido recordes de
vendas e atingido melhorias na qualidade do festival.
E se Time for T encantaram os
poucos campistas que os viram sentados à sombra, mais ainda foram os que por
eles se apaixonaram no primeiro concerto da tarde, no palco Vodafone.FM. A banda baseada em Lisboa encantou com o seu folk caloroso e temas como "Maria" e "Free Hugs", onde pediram ao público para abraçar a pessoa ao seu lado. Os Ganso
abriram o principal, mantendo a tradição de ouvir nomes portugueses ao início
da tarde, e encontraram uma plateia pouco numerosa, mas animada e responsiva.
A sul-africana Alice Phoebe Lou chegou com a sua doçura e simpatia ao Palco Vodafone.FM. Veio apresentar o seu mais recente álbum Paper Castles, que foi lançado este ano. A sua mistura de folk, jazz e blues conquistaram quem se encontrava a assistir e ninguém ficou indiferente.
A nipo-americana Mitski foi um
dos grandes nomes da noite. O concerto de composição aparentemente simples
surpreendeu os mais distraídos e roubou a atenção de qualquer um. A performance
impressionou pela novidade: os passos mecânicos, ao ritmo das músicas,
espalharam-se sobre uma mesa e uma cadeira, fazendo de cada tema uma conversa entre
o corpo da artista e a própria melodia. O aclamado álbum Be the Cowboy teve um grande destaque no alinhamento, mas também houve espaço para músicas mais antigas como "Happy", "Your Best American Girl" e "Francis Forever". Uma atuação hipnotizante, inesperada e inesquecível que irá ficar na história do festival.
Seguiram-se Sensible Soccers no
palco secundário, num espetáculo esperado e bem recebido. A banda portuguesa conta
com três álbuns de estúdio, o último – “Aurora” – lançado ainda este ano que foi tocado na íntegra. Sem perder energia, a banda tocou-o de uma forma sensacional. Mas o foco da noite subiu ao palco
Vodafone pelas 21h20.
Com 72 anos e quase 50 de carreira, Patti Smith transportou o Vodafone Paredes de Coura para o seu mundo de liberdade, luta, felicidade e amor, com as suas sonoridades de punk rock, num espectáculo que ficará para sempre na lembrança de quem a ouviu – e do próprio festival.
“People Have The Power” foi tema
de abertura, inundando o público de punhos levantados e sorrisos estampados nos
rostos – o mesmo se viu em cima do palco. O reportório percorreu vários dos
trabalhos da artista, dos mais icónicos e famosos aos menos conhecidos. Lou
Reid, Neil Young e Jimmy Hendrix também entraram na viagem, com temas reinterpretados
agora pelas mãos de Smith & her band.
“Gloria” e “Because The Night”
elevaram ainda mais a alma do público, que cantou junto de Patti Smith e
permitiu uma fusão e entrega muitas vezes raras de encontrar. Um espetáculo que pareceu durar um segundo e uma eternidade - no bom sentido - e que nos transportou também de volta a Woodstock (em homenagem aos 50 anos e em celebração da liberdade).
De volta ao palco Vodafone.FM, foi altura de se ouvir jazz com Kamaal Williams. O artista britânico foi pouco comunicativo durante o concerto, mas a sua música falou muito mais alto. Acompanhado pela sua banda que lhe deu mais força, o músico maravilhou o público a cada minuto que passava. A sua mistura de jazz, funk e música urbana resultou bem ao vivo.
No ano passado, foi a estreia do grime no festival com o concerto memorável de Skepta. Este ano foi a vez do hip-hop se estrear com Freddie Gibbs & Madlib, que foram
um dos outros grandes nomes do cartaz, mas para um público consideravelmente
diferente. Para os amantes de hip-hop, o duo, que se juntou para o álbum Bandana (2019), foi o maior must-see do festival.
E não fizeram por menos: para uma plateia vasta e extremamente entusiasta, o
concerto foi talvez um dos pontos altos de todo o evento. À frente estava o rapper Freddie Gibbs e atrás, mas não esquecido, o DJ Madlib que estiveram sempre a puxar pelo público de uma forma entusiástica e reciprocada nas primeiras filas. Ouviu-se "fuck police" várias vezes a pedido do rapper, sendo a mensagem mais predominante do concerto. Além dessa frase, não faltaram os temas "Crime Pays", "Freestyle S**t" e "Thuggin". Com uma energia contagiante, a dupla deixou os seus fãs felizes que aguardavam o rapper em Portugal há algum tempo e os mais céticos na mesma. O concerto acabou com Madlib a usar uma peruca loira que foi atirada para o palco.
Para fechar o palco principal neste último dia, vieram os britânicos Suede, que voltaram a Paredes de Coura 20 anos depois de terem atuado no festival, com o seu maravilhoso britpop. A verdade é que as atenções estavam todas concentradas no vocalista Brett Anderson e a sua energia imparável. Ora saltava, dançava, abanava o microfone no ar, atirava-se para o chão e basicamente dava tudo o que tinha. Foi, talvez, o concerto com menos afluência no palco principal para um nome internacional nesta edição, mas nem assim perdeu todo o seu encanto. Apesar disso, a banda deu um grande espetáculo como se estivesse a atuar para muitas mais pessoas. Houve tempo para momentos mais animados com "Outsiders", "Trash" e "Can't Get Enough" e, ainda, para outros mais calmos com as versões acústicas de "The Wild Ones" e "She's in Fashion". Perto do final, o vocalista foi ter com o público e tudo acabou com "New Generation".
Para fechar o palco principal neste último dia, vieram os britânicos Suede, que voltaram a Paredes de Coura 20 anos depois de terem atuado no festival, com o seu maravilhoso britpop. A verdade é que as atenções estavam todas concentradas no vocalista Brett Anderson e a sua energia imparável. Ora saltava, dançava, abanava o microfone no ar, atirava-se para o chão e basicamente dava tudo o que tinha. Foi, talvez, o concerto com menos afluência no palco principal para um nome internacional nesta edição, mas nem assim perdeu todo o seu encanto. Apesar disso, a banda deu um grande espetáculo como se estivesse a atuar para muitas mais pessoas. Houve tempo para momentos mais animados com "Outsiders", "Trash" e "Can't Get Enough" e, ainda, para outros mais calmos com as versões acústicas de "The Wild Ones" e "She's in Fashion". Perto do final, o vocalista foi ter com o público e tudo acabou com "New Generation".
A melhor surpresa da noite estava guardada para o final after hours no palco Vodafone.FM com Flohio, um regresso a Portugal após ter atuado na Galeria Zé dos Bois no ano passado. A rapper do sul de Londres pôs o público a dar os seus últimos saltos com a sua junção de grime e hip-hop carregada pelo seu sotaque inglês. Com apenas dois EPs (Nowhere Near e Wild Yout), um remix do tema Simmer de Mahalia com NAO e vários singles soltos, Flohio mostrou que é o futuro do rap e grime. A sua energia em palco cativou o público mesmo para quem não conhecia e cumpriu bem a sua tarefa de ser o penúltimo nome neste último dia de festival. De certeza que a iremos ouvir mais e voltar a um concerto dela nos próximos tempos. Jayda G teve o prazer de encerrar este palco.
Texto: Carolina Alves & Iris Cabaça
Fotos: Iris Cabaça
Vodafone Paredes de Coura 2019: as animações do último dia
Reviewed by Carolina Alves
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agosto 27, 2019
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