Festival Iminente 2019: todos os concertos são brilhantes diamantes
Sábado foi marcado pela chuva intensa durante o início da
tarde, o que afetou desde logo os primeiros concertos, que viram pouca
gente, até mesmo em nomes como Mynda Guevara e Fred, o half pipe
onde os skaters estavam e as sessões de tatuagem, que tiveram de ser adiadas
para o dia seguinte. Vinicius Terra ainda remou contra esta maré baixa,
espalhando a sua poesia brasileira com uma mensagem de união lusófona, que fez
o público gritar “Habilidade é conteúdo, legitimidade contém tudo”, pouco antes
de trazer ao palco Allen Halloween, que proporcionou o momento alto do concerto
com Versos Atravessam o Atlântico.
Quem conseguiu vencer a chuva foram
os Dealema, que constiparam muita gente mal preparada para o tempo por
não quererem perder um dos raros concertos que o grupo gaiense costuma dar. Durante
uma hora, Maze, Fuse, Mundo Segundo, Expeão e DJ
Guze apresentaram todos os clássicos que marcaram adolescências, com um público
fiel à palavra dos MCs, cantando todas as letras de todas as músicas, com um
carinho especial pela Brilhantes Diamantes de Maze, Ace e Serial, um hino a quem viveu a sua
juventude na primeira metade deste século.
Omiri
subiu a palco com apenas dois projetores e
um leque de instrumentos que provavelmente pouca gente alguma vez tinha visto,
como o caso do bouzouki ou da nyckelharpa. O músico baseia-se em captações de
vídeo recolhidas por ele próprio e Tiago Pereira, do projeto A Música
Portuguesa a Gostar Dela Própria, e constrói a partir daí vários loops,
colando-os entre eles e criando a partir daí um beat que conta a história da
música folclórica portuguesa e nos faz viajar pelas diferentes regiões deste
país, sempre em modo de dança com uma componente audiovisual que nos fazia
ficar colados a olhar para os projetores.
Do outro lado, L-Ali, que
entra em palco com VULTO, seu camarada sónico nos Colónia Calúnia, faz uma rara
aparição em cima dos palcos para, num tom sombrio e lento, ressoar a poesia que
nos expõe aos seus pensamentos mais pesados, perfeitos para o clássico head
banging roubado à malta do stoner rock, com Tilt e Jota ainda a subirem ao
palco para tocarem Beka Beka Beka e Braço, respetivamente.
Seguiu-se Jair MC,
que se fartou de puxar pelo público com uma energia não parecia esgotar e
gritos em português, inglês e crioulo por cima de beats com graves que abanavam
o Palco Cave.
Acompanhado por um guitarrista, um baterista e um DJ, Papillon
subiu a palco para nos dar uma versão mais orgânica da sua música. Carismático
e confortável em cima do palco, o membro dos GROGNation falou da sua relação de
apreço com este festival, por se ter estreado no mesmo em 2017 no concerto de Slow J, quando ainda era em Oeiras, e porque no ano passado encheu o Palco Cave até ninguém conseguir entrar, assim, retribuiu com um espetáculo cheio de
movimento e energia, com passagem por Impasse, música que tem com Slow
J. No fim do concerto, devido às condições climáticas, a malta responsável pelo
skate park decidiu tentar alegrar os ânimos, fazendo um jogo da cadeira com
vários membros do público.
O resto da noite foi dedicada ao hip hop clássico que veio
diretamente dos Estados Unidos para Monsanto. A cave recebeu primeiro Jay
Eletronica, figura algo mística pela reputação que tem e os poucos
lançamentos que teve ao longo da carreira (não lança música desde 2009,
deixando muitos fãs a morrer à sede), que recorreu várias vezes ao acapella
para mostrar os seus dotes com a palavra, e interagiu bastante com o público,
acabando por admitir que nunca se esqueceria deste concerto. Seguiu-se Just
Blaze, que percorreu a sua vasta carreira, saltando entre os clássicos e as
músicas mais recentes, com influências de muitos géneros musicais diferentes, e
ainda com o apoio de Jay Eletronica, que subiu ao palco para rappar Exhibit
C.
Texto: Francisco Couto
Fotos: Iris Cabaça
Texto: Francisco Couto
Fotos: Iris Cabaça
Festival Iminente 2019: todos os concertos são brilhantes diamantes
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outubro 01, 2019
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