Karol Conká, Chong Kwong e Shaka Lion no Jameson Urban Routes: a multiculturalidade numa só noite
Na última sessão do Jameson Urban Routes deste ano, a multiculturalidade juntou-se numa noite. Os nomes que a causaram foram Chong Kwong, Karol Conká e Shaka Lion. O que levou ao festival terminar da melhor maneira.
Chong Kwong é o alter-ego da rapper Vanessa Pires que nasceu em Portugal, na Cova da Moura, e tem ascendências chinesas, moçambicanas, timorenses e cabo-verdianas. Mal entrou em palco, deu as boas-vindas às pessoas presentes para entrarem no seu palácio. Fez-se acompanhar pelo DJ Maskarilha nos beats e, mais tarde, pelos MCs Nina Rae e Pablo. Era claro que estava tudo à espera de Karol Conka, mas a rapper conseguiu com que se deixasse isso de lado durante um bocado. A sua presença forte e assertiva que carrega ao vivo é realmente inspiradora e foi o suficiente para animar o público, tanto quem a conhecia como quem não a conhecia. Ainda tem um reportório curto, a solo, o que não a impediu de dar tudo e mostrar temas que farão parte do álbum de estreia, Filha da Mãe. Derramou o chá com os singles "Não Te Convidei" e "Chong Kwong". A true blasian levou-nos ao seu universo afro-asiático que se nota perfeitamente nas suas músicas e todas(os) saíram do seu palácio surpreendidas(os) com esta força da natureza.
Cerca de trinta minutos depois, a original sem cópia finalmente chegou. Karol Conká trouxe consigo Michelle Abu, na percussão, e o DJ Hadji que tornaram tudo ainda melhor. O seu mais recente álbum, Ambulante (2018), foi o motivo que a fez regressar a Portugal. Começou logo pela temporada de "Kaça" e não foi preciso muito tempo para ter o público a gritar e a dançar ao som da música. A seguir, ouviram-se temas como "100% Feminista" (um feat. com MC Carol) e o «piririm pom pom, piririm pom pom» de "Bem Sucedida". As primeiras filas estavam repletas de fãs brasileiros e portugueses que deixaram a artista brasileira bastante feliz com um sorriso estampado no rosto e fizeram-na sentir-se em casa. Também houve um momento especial quando Conká disse a uma fã, que fazia anos naquela dia, para subir ao palco para dançar "Dominatrix".
Os ritmos eletrónicos juntamente com os brasileiros das canções da artista multi-talentosa tornam quase impossível de não se ter vontade de se dançar bastante e foi exatamente o que fez. Conseguiu meter o público todo a abanar a anca e a mexer os pés com o calor que trouxe do Brasil. Além disso, as mensagens sobre resistência, igualdade e liberdade que transmite ressoam com as pessoas que sabiam as letras todas de cor e fizeram questão de mostrar isso. No final do concerto, tanto a plateia como Karol Conká ficaram felizes e com a missão concretizada.
Por fim, Shaka Lion ficou encarregue de continuar com o resto da noite. Pode-se dizer que é um dos DJs residentes do Musicbox, portanto estava em casa. Após dois espetáculos com tanta diversidade cultural, terminou da melhor forma com o DJ do Barreiro que traz consigo várias influências de algumas partes do mundo. A prova disso foi quando passou "On My Mind" de Jorja Smith, "Yah" dos Buraka Som Sistema e "Tipo Rave" de MC Pedrinho. Nos seus sets, transmite sempre energias positivas, nota-se que se diverte com o que faz e sabe-se que com ele as boas vibes estão garantidas, o que torna tudo ainda mais agradável. Para os mais resistentes, valeu a pena acabar a noite a dançar ao som destes ritmos.
A última noite do Jameson Urban Routes mostrou que várias culturas podem estar presentes num alinhamento de um festival e resultarem bem. Chong Kwong, Karol Conká e Shaka Lion mostraram isso mesmo, e apenas se pode esperar que se repita algo semelhante neste festival ou noutro com mais frequência.
Karol Conká, Chong Kwong e Shaka Lion no Jameson Urban Routes: a multiculturalidade numa só noite
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outubro 28, 2019
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