Plantasia por Moullinex e Bruno Pernadas no Jameson Urban Routes 2019: quando três mundos se fortalecem
À medida que entramos no Musicbox podemos ouvir vários sons
da natureza, desde pássaros a chilrear, ao som do vento a bater nas folhas das
árvores, que nos transportavam para um ambiente muito menos urbano do que
aquele em que verdadeiramente estávamos. Foi assim que Bruno Pernadas e Moullinex
decidiram receber o público que os veio ver tocar Plantasia, álbum de
culto de Mort Garson que foi exclusivamente oferecido a pessoas que compravam
uma planta interior na loja Mother Earth, em Los Angeles no ano de 1976. Este
disco especial, que não saiu de um pequeno nicho durante mais de 40 anos até
ser descoberto pelas massas graças ao algoritmo do Youtube, nasceu com o
intuito de se criar músicas para as plantas e as pessoas que as amam ouvir, e é
composto por melodias deliciosas que dão um tom leve às músicas do álbum,
sempre ligadas pela sonoridade do sintetizador Moog, o único instrumento
utilizado na composição de todo o álbum.
Acompanhados por Diogo Sousa na bateria, Diogo Duque nos
sintetizadores e trompete e Gui Salgueiro também nos synths, testemunhou-se à
hibridação de três mundos diferentes: a smoothness melódica de Mort Garson fundiu-se
à eletrónica disco de Luís Clara Gomes e ao jazz de Bruno Pernadas, e o
resultado foi uma sonoridade que, mesmo com a introdução de novos componentes
sonoros (o álbum original não tem bateria ou drum machines), nunca soou
estranho aos ouvidos do público, que esboçava sorrisos, gritos, e assobiava as
melodias de cada uma das músicas tocadas pela ordem do álbum.
Esta fusão proporcionou uma intensificação dos diferentes
géneros no qual Plantasia toca levemente: Desde Swingin'
Spathiphyllums que ganhou finalmente a batida MPB que tanto pedia, à Ode
To Na African Violet que se transformou numa música que mais parecia feita
pelos LCD Soundsystem e meteu pés a mexer e cabeças a abanar. Os solos de
trompete e sintetizadores eram um sinal da liberdade criativa que os artistas
tiveram sem fugir às raízes de cada música, permanecendo a identidade original
que fora adaptada ao nosso contexto temporal, fornecido por uma maior
multidisciplinaridade de géneros musicais.
A nível visual, os músicos fizeram jus à temática do álbum,
desde a sua vestimenta serem jardineiras laranjas, ao palco repleto de plantas
que rodeavam os instrumentos. As luzes tinham cores predominantemente ligadas à
natureza, desde o verde da flora, ao azul da água, ao amarelo acastanhado que
tanto ia ao sol como à terra, que ganhavam novas formas com o fumo que
preenchia o palco, que por vezes tapava os nomes das músicas que estavam a ser
projetados por trás ao longo do concerto.
Todos estes aspetos permitiram criar um respeitoso tributo a
este álbum que tem marcado tantas pessoas que se cruzam com o mesmo. Bastou ver
a felicidade na cara do público e dos músicos, que não conseguiam esconder os
sorrisos. A sala completamente esgotada fazia silêncio para se ouvir este
concerto, que foi certamente um momento especial para todos os presentes, quer
se estivesse em cima do palco ou na audiência.
Texto: Francisco Couto
Fotos: Ana Viotti
Plantasia por Moullinex e Bruno Pernadas no Jameson Urban Routes 2019: quando três mundos se fortalecem
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outubro 27, 2019
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