O futuro da ficção nacional além-fronteiras

Há cada vez mais atores e atrizes portugueses em serviços de streaming, e começam a surgir mais séries com produções nacionais, questionando-se qual será o futuro da ficção nacional fora de Portugal, que está a ganhar forma aos poucos.

Quando La Casa de Papel explodiu após ter sido colocada na Netflix em 2017, rapidamente se tornou um sucesso mundial, tendo sido uma das séries não faladas em inglês mais vista da plataforma de streaming. Seguiram-se mais sucessos internacionais, como, a série alemã Dark, a série brasileira Coisa Mais Linda e, outra espanhola, Elite. Considerando a maior aposta em produções internacionais, era uma questão de tempo quando seria a vez de Portugal, o que chegou finalmente.

Os primeiros atores portugueses que fizeram parte de filmes ou séries da Netflix foram os seguintes: Diogo Morgado e Maria Medeiros no filme O Matador (2017), Pêpê Rapazote na série Narcos (2015), Maria João Bastos em O Mecanismo (2018), Lídia Franco em 6 Underground (2019), Albano Jerónimo que fez parte de Vikings (2013), juntamente com Ivo Alexandre, e The One (que supostamente irá estrear em dezembro).

Pêpê Rapazote em Narcos

Este ano, foi a vez de mais pessoas terem as oportunidades. Nuno Lopes interpretou Boxer em White Lines, que acabou por ser cancelada depois de uma temporada, um dos protagonistas da história. Rafael Morais fez o papel de Boxer mais novo. Além disso, Paulo Pires também teve uma pequena parte na série de Álex Pina. Pouco depois, estreou Warrior Nun, renovada para uma segunda temporada, onde Alba Batista é a protagonista Ava, e Joaquim de Almeida, que já soma vários trabalhos internacionais na sua longa carreira, é o Cardinal Duretti. Na HBO, Auga Seca é uma coprodução da RTP e da TV Galicia protagonizada por Victoria Guerra, e conta ainda com os atores Adriano Luz, Joana Santos, Igor Regala e João Arrais. Já no grande ecrã, Daniela Melchior irá entrar na sequela de The Suicide Squad, que apenas estreará no próximo ano. Tudo isto é possível devido à ajuda das maravilhosas self tapes, onde os atores gravam uma cena em casa e mandam para os diretores de casting. E ainda bem que existem, porque sem elas não havia esta lista cada vez mais longa.

Nuno Lopes em White Lines
 
Com uma lista cada vez maior de atores a internacionalizarem-se, o próximo passo é mais séries com produções portuguesas, o que está a acontecer devagar. Após Auga Seca da HBO, a Netflix terá a sua primeira série nacional espalhada pelo mundo. Glória é um thriller sobre a Guerra Fria, e tem produção da SPi, do Grupo SP Televisão, e coprodução da RTP. O elenco é formado por Miguel Nunes, Carolina Amaral, Victoria Guerra, Afonso Pimentel, Adriano Luz, Gonçalo Waddington, Joana Ribeiro, Marcelo Urgeghe, Sandra Faleiro, Carloto Cotta, Maria João Pinho, Inês Castel-Branco, Rafael Morais e Leonor Silveira. O que é uma ótima notícia para a ficção nacional e um grande passo esperado por muitos trabalhadores do meio. Num país onde há poucos apoios para a cultura, o que se tem acentuado ainda mais desde março, e portanto, falta de dinheiro para produções principalmente no cinema, a novidade cai como uma esperança que parecia perdida há algum tempo. Independentemente do resultado, irá servir para colocar Portugal no mapa, dar a conhecer os atores a uma audiência estrangeira, e, quem sabe, ser o impulso para mais oportunidades no mundo do streaming.

Victoria Guerra em Auga Seca

Apesar de ser aos poucos, nos últimos anos a ficção nacional tem chegado além-fronteiras principalmente através dos atores. Agora, já conta com duas produções nos catálogos de dois serviços de streaming. A partir daqui, só se pode esperar que haja muito mais.

O futuro da ficção nacional além-fronteiras O futuro da ficção nacional além-fronteiras Reviewed by Watch and Listen on setembro 17, 2020 Rating: 5

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