Holidate: mais uma rom-com festiva
Uma das mais recentes comédias românticas da Netflix, Holidate, estreou a 28 de outubro. Apesar da premissa, está repleta de clichés presentes nos filmes deste género.
Holidate foi realizado por John Whitesell e escrito por Tiffany Paulsen. Emma Roberts (que interpreta Sloane) e Luke Bracey (no papel de Jackson) são os protagonistas desta recente comédia romântica da Netflix feita especialmente para a época natalícia. A história do filme é sobre Sloane (Emma Roberts), que acabou com o seu namorado há algum tempo, e em todas as festas familiares é sempre criticada pela sua família por se encontrar solteira, ao contrário de todos à sua volta. Numa fila para fazer trocas de prendas de Natal, conhece Jackson (Luke Bracey) e alguns minutos depois de começarem a falar, decidem que vão ser o par de cada um para todas as festas e feriados enquanto estiverem solteiros. Não se apaixonam em cinco minutos, mas sim, acabam por ficar juntos no final.
A rom-com não é nenhum Love Actually (2003), de longe, e cai em diversos clichés deste género quando tenta ser diferente e «not like other girls». Em primeiro lugar, todo o plot gira à volta da família de Sloane a chatear para arranjar um namorado a qualquer custo, mesmo que ela não queira, o que se torna repetitivo e irritante e hoje em dia está bastante datado. Em segundo lugar, é óbvio desde o primeiro segundo quando se conhecem que Sloane e Jackson vão acabar numa relação no fim do filme. Uma parte positiva é que se apaixonam ao longo do ano em que são os “holidates” um do outro, parecendo uma narrativa mais real e natural. Em terceiro lugar, tem o momento mais comum destas narrativas: duas pessoas atraentes a apaixonarem-se uma pela outra e acabarem felizes para sempre. Inclusive, há uma situação onde Sloane diz a Jackson que não gosta quando as personagens em comédias românticas se beijam logo de manhã sem lavarem os dentes. O que leva a crer que ambos não se vão beijar, mas é exatamente o que acontece, e é prova de que não apresenta nada distinto de outros filmes semelhantes.
A falta de diversidade é realmente preocupante porque a maior parte do elenco é constituído por atores brancos, uma situação recorrente nas maiores produções do serviço de streaming, infelizmente. Para piorar, as poucas personagens não brancas que aparecem têm papéis menores e estereotipados. Neil (Andrew Bachelor) é o típico amigo negro que serve apenas para dar apoio ao protagonista, neste caso Jackson, e não tem mais desenvolvimento além disso. Depois, existe Liz (Cynthy Wu) uma rapariga asiática e ingénua, por vezes, exageradamente tonta. Quanto a Faarooq (Manish Dayal) parece ser a personagem melhor construída, comparando às duas anteriores, e é um médico que se apaixona pela tia de Sloane, Susan (Kristin Chenoweth). Não só este filme, mas como a Netflix podiam melhorar muito este aspeto nos próximos lançamentos e incluírem mais pessoas.
Holidate até tem os seus momentos engraçados onde dá para rir e passar um bom bocado durante alguns minutos, mas só ocorrem de vez em quando. A personagem de Kristin Chenoweth (Tia Susan) é uma desilusão, porque a atriz costuma ser uma lufada de ar fresco e traz o seu toque de comédia ao mesmo tempo por onde passa, e aqui não faz nada disso. Contudo, a parte boa que se pode retirar do filme é a química no ecrã de Emma Roberts e Luke Bracey, provavelmente a única razão porque não se torna péssimo de se assistir. Se tivessem mais com que trabalhar no guião, poderia ser tudo mais elevado.
O filme não é o par ideal para as épocas festivas por ter uma história normalíssima, óbvia e nada surpreendente. Dá para se soltar uma gargalhada ou outra por vezes, mas não é nenhum must-watch quando há tantas coisas melhores para se ver.