#Throwback: My Beautiful Dark Twisted Fantasy de Kanye West
A 22 de novembro de 2010, Kanye West lançou o seu quinto disco de originais, My Beautiful Dark Twisted Fantasy, que se tornou num sucesso e marcou a sua carreira. Já passaram dez anos, mas ainda tem o mesmo impacto.
O quinto álbum de Kanye West, My Beautiful Dark Twisted Fantasy, simbolizou o seu grande regresso após a polémica nos MTV Video Music Awards de 2009 quando interrompeu o discurso de Taylor Swift. Durante o seu exílio voluntário no Havai para se afastar de tudo, começou a trabalhar no álbum. Desde The College Dropout (2004) até Graduation (2007), o artista navegou no hip-hop à sua maneira, deu uma nova vida a samples, teve hits de rádio e, ao mesmo tempo, os seus primeiros trabalhos venderam milhões de cópias só nos Estados Unidos. Em 808s & Heartbreak (2008) mudou completamente a sua sonoridade e experimentou com o auto-tune, eletrónica e sintetizadores. No disco seguinte, deu ênfase ao que já tinha feito anteriormente, mas com um grande twist. Quer se goste ou não de Kanye West, a verdade é que continua a ser um dos álbuns mais importante da sua carreira e na história do hip-hop.
Em julho de 2010, o primeiro single "POWER" foi partilhado de graça na internet pelo artista. Rapidamente, tornou-se numa das músicas mais usadas em trailers de filmes e anúncios espalhados pelas televisões um pouco por todo o mundo, inclusive até aos dias de hoje. Seguiu-se "Runaway" em outubro com uma bela melodia construída num piano, onde durante nove minutos incentiva a «Let's have a toast for the douchebags». Mais tarde, teve direito a um filme de trinta e quatro minutos. No mesmo mês, partilhou “Monster” com JAY-Z, Rick Ross, Nicki Minaj e Bon Iver e quase que não colocou o verso de Minaj neste tema por achar que as pessoas iam dizer que era o melhor do álbum. E não estava muito longe da verdade, pelo menos, nesta canção é, sem dúvida, o melhor. O último single escolhido foi "All Of The Lights" com vozes de Rihanna, Alicia Keys, John Legend, The-Dream, Elly Jackson, Fergie, Elton John, Drake e Kid Cudi e ganhou dois Grammys de 2012: Best Rap Song e Best Rap/Sung Collaboration. Os primeiros três criaram hype para o álbum que estrou em número no top Billboard 200 na semana de lançamento.
O álbum foi criado em comunidade, tanto na cabine do estúdio como na mesa de som. Q-Tip até descreveu todo o processo como "music by committee". As colaborações, que até inclui uma com Beyoncé na faixa bónus "See Me Now", permitiram-lhe puxar-se até ao limite das suas capacidades, com poucas horas de sono, para aperfeiçoar cada música ao pormenor. Ainda mais, também traz ao de cima as forças de cada um dos seus colaboradores, estabelecendo uma ajuda mútua que ainda não tinha sido visto e utilizada desta forma até aqui. Ao contrário de 808s & Heartbreak, em que se ouve um rapper solitário apesar dos quatro feats., neste LP está bem acompanhado e usa isso em seu favor, pois não há nenhuma música onde esteja realmente sozinho. Algo que era necessário para este regresso estrondoso e que resultou na perfeição.
My Beautiful Dark Twisted Fantasy junta inspirações de todos os seus discos anteriores, porque ele próprio é a sua referência, mas eleva-as a um crescimento exponencial. A base é hip-hop e, a partir daí, parte para outros géneros como R&B e Pop. Alguns críticos até utilizaram prog-rap e rap opera para o descrever. Honestamente, com tantas baterias fortes, distorções, experimentações, ritmos distintos e influências, todas essas descrições estão corretas. O facto de ter trabalhado com artistas de outros géneros musicais ajudou bastante nesse aspeto. Em "All Of The Lights", as vozes de Rihanna e Alicia Keys remetem para Pop mainstream. Enquanto que "Lost In The World", começou por ser um poema para a sua mulher Kim Kardashian West, partiu do tema "Woods" de Bon Iver e copia a sua estrutura. Além disso, é uma mistura de vários samples: "Soul Makossa" de Manu Dibango, "Think (About It)" de Lyn Collins, "Hook and Sling" de Eddie Bo e "Comment #1" de Gil Scott-Heron. A prova de que esteve mais à frente dos restantes artistas desta altura pelo simples facto de não ter medo de arriscar e criar o que lhe dá vontade naquele momento.
Tal como o título do álbum diz, é mesmo a sua My Beautiful Dark Twisted Fantasy porque as camadas frenéticas assim o fazem. Ao mesmo tempo, mostra o melhor de Kanye West: a criar música livremente e a afastar-se de polémicas que não lhe fazem bem nenhum. Atualmente, continua a ser um dos melhores trabalhos na história do hip-hop da última década.