Festival Emergente 2021: o futuro dos festivais

Nos dias 15 e 16 de outubro, o Festival Emergente abriu as portas do Capitólio, em Lisboa, para receber alguns nomes emergentes da música nacional. Num sistema híbrido, também foi transmitido em livestream, mostrou como pode ser o regresso dos festivais e concertos nos próximos tempos. Além dos concertos, passaram videoclips dos nomes que atuaram, e não só. O primeiro dia, 15 de outubro, contou com Sreya, Evacigana, Conjunto Júlio, Too Many Suns, Mikee Shite, Mike Vhiles, Gator, The Alligator e Chinaskee e Convidados.

Sreya fez as honras e foi a primeira a subir ao palco, acompanhada por Bejaflor nos beats, como convidada nesta edição. Atuou apenas durante meia hora, mas conseguiu mostrar músicas dos seus dois álbuns, Cãezinha Gatinha (2020) e Emocional (2017). Com as suas músicas mais melancólicas e as mais animadas que misturam pop, eletrónica, tarraxa e influências tradicionais, colocou o público a dançar numa viagem sonhadora. “Vampiros”, “Hospital do Amor”, “Canção do Desapego” e “59 Estrelas” foram alguns dos temas que mais mexeram com as pessoas, resultando num óptimo começo para o que viria a seguir.

 

Os Evacigana, a segunda atuação, trouxeram o seu rock progressivo e eletrizante. A banda formada por Alexandre Bandola (bateria), Filipe Nunes (baixo, voz, teclados), João Moreira (guitarra, voz) e Rúben Lopes (guitarra, voz) provou que as texturas que as suas músicas transmitem funcionam bem ao vivo. Houve tempo para momentos mais calmos e outros mais mexidos com temas retirados de Demo (2019), “Fortuna” e “Tempo Morto”. 

 

 

Em seguida, os Conjunto Júlio, formados em 2021 por Tomás Simões (baixo), Francisco Sanona (guitarra), João Maria (guitarra, voz e synths) e Vasco Brito (bateria), surpreenderam com os seus temas baseados na poesia de Florbela Espanca, Luís de Camões, António Botto, Fernando Pessoa, entre outros, e foram, talvez, um dos projetos mais interessante deste dia. Além das inspirações de poetas, as suas músicas também têm influências de rock e psicadelismo. 

 

 

Já os Too Many Suns, formaram-se em 2018, com Hugo Hugon na voz e guitarra, João Cardoso na bateria e Vasco Rato no baixo, e são uma das mais recentes bandas da editora Pontiaq e, como muitas das outras bandas, trazem rock psicadélico e folk. Apresentaram o seu disco de estreia, Meaning of Light (2020), com temas que remetem para um dia solarengo de verão e que funcionam bem ao vivo. 

 

 

De Abrantes, chegaram os Mike Shite com o seu rock alienado. Enquanto que, os Mike Vhiles, de Coimbra, vieram fazer ouvir a sua mistura entre noise-rock, shoegaze e garage-psych. Prontos para abanar o palco do Capitólio estavam os Gator, The Alligator. A banda de Barcelos trouxe uma explosão de garage rock e foi sempre a abrir. Apresentaram temas do seu segundo álbum, Mythical Super Bubble, e do primeiro, Life is Boring (2018), e deram espaço para se começar o primeiro mosh e crowd surfing da noite, e já se sentia saudades disso. O tema "Yayaya" foi, como seria esperado, um dos momentos altos do concerto. Por onde passam, deixam sempre uma boa impressão do que são capazes de fazerem ao vivo, e aqui não foi exceção. 

 

Para fechar este primeiro dia, Chinaskee convidou Filipe Sambado, Alex D’alva Teixeira, Miguel Ângelo, Primeira Dama, Bia Maria e o Gato Mariano, acabando em festa com os convidados todos em palco no final. Acompanhado pela sua banda, Bernardo Ramos (guitarra), Ricardo Oliveira (bateria) e Inês Matos (baixo), apresentou temas do seu novo álbum, Bochechas (2021), que culminou numa mistura ideal entre garage rock e punk que se torna grandiosa ao vivo. Para primeiro convidado, chamou Alex D’alva Teixeira para cantar “Popular”, originalmente feita com Vaiapraia. Alex começou logo em grande, cheio de energia a correr de um lado para o outro e a cantar no meio do público. Depois, foi a vez de Miguel Ângelo, Bia Maria, Primeira Dama, Filipe Sambado e o Gato Mariano. Assim, a noite terminou em grande cheia de animação no palco e fora dele.