Sam The Kid com Orelha Negra e Orquestra no Campo Pequeno: a grandiosidade de um dos maiores rappers nacionais
Após ter passado pelos Coliseus em 2019, Sam The Kid voltou a juntar-se aos Orelha Negra e a uma orquestra no Campo Pequeno, no dia 27 de maio. A primeira parte ficou a cargo do DJ Cruzfader.
O concerto começou com Napoleão Mira, poeta e pai de Samuel Mira, a ditar versos poderosos, ao som de “Entre(tanto”, para um público que ficou logo agarrado assim que pisou o palco. Um momento importante, não só para se confirmar que o artista herdou o talento das rimas do seu pai, mas também porque ditou tudo o que se seguiu. Para continuar com as expectativas em alta, o rapper irrompeu com “A Partir de Agora” e “Decisões”.
NBC foi o primeiro convidado a juntar-se ao artista, no tema “Juventude (É Mentalidade”. GSON e Slow J, com alguns problemas no microfone, entraram em palco acompanhados de gritos e aplausos do público enquanto se ouvia “3.14”, no mesmo sítio onde o videoclip foi filmado. Depois, foi a vez de Mundo Segundo, que aparecia em palco de vez em quando, para se ouvir “Gaia Chelas” e “Tu Não Sabes”. Iluminados pela luz dos holofotes, aparecem Xeg, Regula e Valete e fizeram-se ouvir com “Mais Pesados da Capital”. Ainda houve menções a Beto Di Ghetto, Snake e GQ.
O espetáculo foi um best of da carreira de Sam The Kid acompanhado pelos beats dos Orelha Negra e a orquestra liderada pelo maestro Pedro Moreira, com foco nos álbuns Entre(tanto) (1999), Sobre(tudo) (2002) e Pratica(Mente) (2006) e, ainda, alguns dos seus temas e colaborações mais recentes. Esta junção ajudou as suas músicas a elevarem-se de uma forma grandiosa e a provar a razão de ser um dos maiores rappers nacionais. Pois, de um lado estava a máquina dos Orelha Negra a dar impulso nos ritmos das rimas, e do outro encontrava-se a orquestra a acompanhar delicadamente cada canção. Por vezes, um destacava-se mais do que o outro e quando se uniam a meio era a combinação ideal. Em “Parte de Mim” dos Orelha Negra foi quando se comprovou o porquê desta ideia ser tão boa, porque a orquestra e o grupo apoiaram-se um ao outro.
Ao mesmo tempo, durante mais de 1h30 afirmou que a discografia principal de Sam The Kid nem parece ser dos finais dos anos 90 e início dos anos 2000 por ainda soar tão atual com bastantes músicas que envelheceram bem, tanto nas melodias como nas letras, por exemplo “À Procura da Perfeita Repetição” e “Poetas de Karaoke”. Já outras, não se pode ser o mesmo sobre as letras que poderiam sofrer uma atualização, como “Tu Não Sabes”.
A noite de celebração da carreira de Sam The Kid terminou com “Sendo Assim” e a certeza que este espetáculo precisa de passar por mais salas e festivais no futuro.