Lido Pimienta na Galeria Zé dos Bois: a arte de destruir de o patriarcado

Numa pequena pausa entre festivais de verão, na noite de 20 de julho Lido Pimienta estreou-se em Portugal, na Galeria Zé dos Bois, no Superballet com Shaka Lion a abrir, para apresentar o seu segundo álbum, Miss Colombia (2020).

 

Entre histórias e mensagens importantes, opiniões sobre turistas e felicitações para a música nacional, a artista colombo-canadense mandou abaixo o patriarcado com as suas músicas durante uma hora e pouco.

 

No ambiente intimista do aquário da ZDB, o ideal para criar uma maior relação de proximidade com o público, Lido Pimienta entrou em palco a cantar acapella o tema “Para Transcribir (SOL)” e a flutuar o seu vestido. Depois, passou para músicas sobre desamores, como, “Te Queria” e “Eso Que Tu Haces”. Pelo meio, ainda elogiou Lisboa e, ao mesmo tempo, criticou os turistas, de uma forma caricata e honesta, que param para tirar fotos à roupa estendida nas casas, o que arrancou risos e palmas da plateia.

 

Porém, nas suas músicas não fala apenas de amores e fins de relacionamentos, também fala, por exemplo, sobre a discriminação que mulheres negras sofrem com o seu cabelo em “Pelo Cucu”. Além disso, ainda atirou algumas mensagens sobre amor próprio ao público e falou sobre o aborto, afirmando para as mulheres responderam que sim, são assassinas e que muitos bebés ficam perdidos em almofadas e meias. Com uma voz ainda mais forte e poderosa ao vivo, a artista prosseguiu com temas acerca das lutas e dores diárias das mulheres com “Nada”.

 

Perto do final, ainda teceu elogios à música nacional mencionando o seu amigo Branko, e respetivamente a Enchufada, Nídia, DJ Firmeza e a Princípe Discos, e Dino D’Santiago, com quem colaborou em “Utopia” do disco BADIU (2021), e confessou que gostaria de ter atuado esse tema com o artista no concerto.

 

Quando o concerto terminou, ficou a sensação de que Lido Pimienta lavou a alma de todas as pessoas que assistiram com as suas melodias que não esquecem os seus ritmos colombianos, as suas mensagens de empoderamento e a sua bela presença em palco.

 

 

Antes da artista subir ao palco, o DJ Shaka Lion esteve a passar música e a aquecer o público com os seus beats tropicais e a boa disposição que tem sempre em cada set.