NOS Alive 2022 - dia 1: o regresso dos Jungle e a estreia de Stromae marcaram o primeiro dia

 

O NOS Alive voltou ao Passeio Marítimo de Algés para mais uma edição, desta vez de quatro dias. De 6 a 9 de julho, o festival trouxe vários nomes nacionais e internacionais espalhados pelos diferentes palcos. 

Este primeiro dia não parecia estar tão cheio como em edições anteriores, o que até era melhor para se mudar de palco em menos tempo. Alguns dos nomes que passaram pelo festival neste dia foram Mallu Magalhães, as estreias de Fontaines D.C. e Stromae, Jungle e EU.CLIDES. Infelizmente, uma estreia bastante aguardada era Clairo que cancelou o concerto à última da hora porque não conseguiu apanhar voo de Itália para Lisboa. 

Mallu Magalhães foi o primeiro nome a subir ao palco NOS neste primeiro dia. Apesar de ter lançado o seu mais recente álbum, Esperança, no ano passado, o alinhamento foi mais adequado para um festival e composto pelos seus temas mais conhecidos. Assim, começou com as calmas “Vai e Vem”, “Sambinha Bom” e “Ô, Ana”, retiradas do segundo álbum Pitanga (2011). Depois, os ritmos começaram a ficar um pouco mais animados com “Casa Pronta” e “São Paulo” do disco Vem (2017). Ainda se ouviu “Me Sinto Ótimo” de Banda do Mar, que continuou a boa disposição que emanava do palco. Porém, foi com “Mais Ninguém”, também da Banda de Mar e uma das mais conhecidas, que conseguiu arrancar mais passos de dança do público. Claramente feliz por abrir o palco principal do festival neste dia, depois de ter atuado no secundário em 2018, a artista encantou quem viu e ouviu o concerto com a sua voz e temas sobre amor, e alguns com ritmos excelentes para se dançar naquele espaço e hora. “Velha e Louca” e “Chocolates” deram por terminado o concerto.

 

Os segundos a atuarem no palco principal foram os Jungle, o grupo britânico já conhecido do público português. Podem parecer um nome repetido porque já passaram por muitos festivais nacionais, incluindo este em 2014, e outros como o NOS Primavera Sound, Super Bock em Stock, Vodafone Paredes de Coura e Super Bock Super Rock, mas a realidade é que se não vierem nem parece que é a temporada de festivais de verão. Os Jungle deram um concerto em que não desiludiu o público português: músicas dançáveis, interação com o público e ainda houve tempo para brincarem um pouco com o mesmo. Mal entraram em palco, ao som de “Dry Your Tears”, pareciam prontos para uma hora carregada de energia, emoções positivas e muita felicidade que se sente nas suas músicas e concertos e, assim, foi. A banda formada por Josh Lloyd-Watson e Tom McFarland editou o seu último álbum no ano passado, Loving in Stereo, daí terem uma justificação de voltarem a Portugal (apesar de não ser sempre necessário). Do novo trabalho, ouviu-se “Keep Moving”, “Talk About It”, “Fire”, entre outras. Já dos discos anteriores, trouxeram “Beat 54”, “Happy Man”, “Smile” e “Casio”, com uma interpolação de “Stayin’Alive” dos Bee Gees. Guardaram as mais clássicas para o fim e foi com “Time” e “Easy Burnin” que se ouviram mais pessoas a cantarem as letras e a dançarem. Mais uma vez, os Jungle conquistaram o público português e provaram que são uma boa aposta em qualquer festival de verão.

 

 

Num estilo e com táticas diferentes, os irlandeses Fontaines D.C., que são sempre falados em cada festival europeu por onde passam, deram um concerto que superaram algumas das expectativas do público português com o seu post-punk. Em estreia absoluta no palco Heineken, a banda proveniente da cidade de Dublin manteve o seu público desperto com o som da guitarra e da bateria em volume máximo. Com poucas palavras e apenas gestos agressivos, meteram o público a saltar e a transpirar em poucos minutos. Durante o concerto, ouviram-se músicas como “I Love You”, “Roman Holiday” e “Boys In the Better Land”. Não precisaram de fazer muito para conseguirem agarrar quem via o concerto, pois os temas falam e agem por si, e de certeza que vão voltar a Portugal e serão ainda maiores na próxima vez.  

 

No palco WTF Clubbing encontrava-se EU.CLIDES. Depois de ter participado no Festival da Canção 2021, o artista não parou a sua caminhada na música. O seu primeiro concerto no NOS Alive foi um ponto de partida para o que se avizinha na sua carreira. Apesar de apenas ter um EP, o artista ainda vai lançar o seu primeiro álbum de estúdio muito em breve, com o selo da sua editora a Virgin Music (Universal Music Portugal). Poucas eram as pessoas que conheciam alguma letra das suas músicas, mas o público pareceu gostar do seu concerto e dançou ao ritmo das melodias mais eletrónicas, e foi, possivelmente, uma descoberta para algumas das pessoas que se encontravam ali. As músicas como “Desmancha-Prazeres”, “Venham mais 7” e “Volte-Face” (canção com que participou no Festival da Canção) fizeram parte da setlist.

 

 

Stromae finalmente aterrou em Portugal e estreou-se em grande no palco NOS, por onde era suposto ter passado em 2015, mas cancelou por estar doente. Posto isto, eram muitos os que aguardavam pelo concerto do músico belga desde aí e alguns até há mais anos, e esse tempo todo de espera foi bem compensado. Ora a cantar para vários microfones como se estivesse a apresentar o telejornal, ora a fazer voguing ao ritmo das suas músicas, Stromae dominou brilhantemente o palco neste dia. Foi um concerto marcado pelos seus hits como, por exemplo, “Alors on Dance”, “Papaoutai” e “Tous les mêmes”. Paul Van Haver (o nome verdadeiro de Stromae) conquistou o público português com o seu concerto contagiante, com direito a um pé de dança, luzes coloridas e alguma interação com o público. Para além das músicas mais conhecidas do músico, Stromae também trouxe na bagagem os seus novos temas do mais recente álbum de estúdio Multitude, editado em março deste ano. Se não havia dúvidas, então agora deixaram de existir: foi um dos melhores concertos desta edição do Alive e que vai ficar na história do festival.

 

Texto: Pedro Miguel & Iris Cabaça

Fotos: Iris Cabaça