NOS Alive 2022 - dia 3: o festival fora do palco principal
O terceiro dia do NOS Alive deste ano foi o que recebeu a maior enchente de pessoas e a grande razão foi o concerto dos Metallica. Contudo, aconteceu muito mais neste dia, principalmente nos palcos secundários. Num dia que parecia mais dedicado ao rock, ainda se pôde ouvir grime e hip-hop nacional.
AJ Tracey foi cotado para o palco NOS à última hora, devido ao cancelamento de Stormzy que era para ter atuado. Mas parece que a substituição até podia ser bem pior, tendo em conta que ambos são rappers britânicos e que ambos mostram a cultura do grime e do drill britânico. De todos os nomes que passaram pelo palco principal neste (Don Broco, Royal Blood e Metallica), este era o mais deslocado, o que se notou na receção do público, exceto para quem o conhecia, e se calhar teria ficado melhor no palco Heineken ou noutro dia do festival. Apesar disso, o artista deu um bom concerto e conseguiu consumir um pouco da energia do público que ali estava presente e vibrava juntamente com ele, pois muitos deles na primeira fila à espera pelos cabeças de cartaz, os Metallica. Introduziu na sua setlist músicas como “Thiago Silva”, “Ladbroke Groove” e “Seoul”. O artista é conhecido por levar alguém do público ao palco, desta vez não aconteceu mas relembramos quando, ainda este ano, o rapper trouxe a palco um fã para cantar o seu tema mais conhecido “Thiago Silva”. Contudo, é sempre bom quando festivais portugueses investem em nomes de grime.
Foi o regresso da banda de rock britânico ao nosso país, os Royal Blood e foram o concerto que antecedeu a entrada de Metallica, uma boa aposta para quem esperava pelos cabeças de cartaz. Dentro do rock, aquilo que o público esperava da banda, eles entregaram com garra. Um concerto cheio de temas novos, do seu mais recente álbum de estúdio Typhoons, lançado no ano passado. Mas não foi só o seu novo registo que esteve presente no concerto: temas como “Little Monster”, “Figure It Out” e “Lights Out” (dos seus álbuns anteriores) estiveram presentes na setlist da banda britânica. O público respondeu: com energia, aplausos e irreverência, principalmente nos temas mais antigos - da banda formada por Ben Thatcher e Mike Kerr - e tendo em conta o historial de concertos que têm em Portugal, sendo que em 2017 atuaram no palco Heineken e já passaram pelo Coliseu dos Recreios. Apenas com um baixo e uma bateria, e em pouco tempo, entregaram tudo de uma forma explosiva.
De regresso a Portugal, St. Vincent era mais um pequeno refúgio do cartaz deste dia, e que talvez tivesse ficado melhor no palco principal. Classe, subtileza e estilo são as palavras que marcam este concerto da grande artista que é Annie Clark, o seu nome verdadeiro. Com um novo álbum na sua mala, Daddy’s Home, que foi editado no ano passado, St. Vincent marcou a diferença no palco Heineken com as suas músicas, estilo e o cenário em palco que foi transformado num diner americano. Entoou canções como “Los Ageless”, “The Melting Of The Sun” e, ainda, houve tempo para se ouvir “Rosyln”, tema com a participação de Bon Iver. Deu um concerto de apenas uma hora, visto que foi convocada a tocar no palco secundário do festival e a sua liberdade de tocar mais temas estava um pouco restringida. Apesar disso, deu o concerto que os fãs esperavam: maturo, energético e calmo, tal e qual como os seus álbuns entoam - não perde a qualidade nos concertos naquilo que entrega nos seus álbuns de estúdios.
Artista ainda em plena ascensão, Yuri NR5 apresentou-se no palco WTF Clubbing pela primeira vez, sendo que é dos primeiros concertos que começou a dar em festivais de verão. Obteve o seu reconhecimento só em 2020 quando lançou a famosa canção “São Paulo”, que entoou no concerto. Para além desta, também cantou “Diva” (o mais recente single do artista”, “Ganda Moca” e “Prazer Culinário”, música que dedicou à sua mãe que estava presente no meio do público. Pelo que observámos, o público parece ter gostado muito deste concerto, tendo em conta que faz parte das suas poucas apresentações ainda, e pelo motivo que as suas músicas ganharam mais reconhecimento a partir do momento em que alcançou o #1 no Spotify Portugal pela primeira vez. O artista não deixou de mostrar a sua felicidade com um sorriso de orelha a orelha.
Bem
conhecido pelo público português, Lon3r Jonhy finalmente estreou-se no NOS
Alive, mais em concreto no palco WTF Clubbing, num dia em que a curadoria
pertenceu à gravadora Bridgetown. Apesar do horário em que deu o concerto, por
coincidir com o concerto dos Metallica, o artista assumiu o seu papel e deu um
concerto ligeiramente mais calmo, visto que, o tipo de concertos que geralmente
dá, consome energia do público com os moshpits - aqui não aconteceu. Incluiu na
sua setlist músicas como “Stay Fly”, “Damn/Sky” e “Drip”. O concerto começou um
pouco mais tarde do que estava programado, isto porque, durante o início do seu
concerto, houveram alguns problemas técnicos por causa do equipamento do seu DJ.
O problema, assim que, resolvido 6 minutos depois, deu início ao seu
concerto e não o impediu de mostrar alguns dos seus melhores temas.
T-rex é a mais recente revelação do Rap Tuga. Daniel Benjamin deu, pela primeira vez, um concerto num dos maiores festivais de verão e conseguiu aquilo que queria: a atenção do público através dos seus hits. Desta compilação de hits, na setlist esteve presente “Tempo” em parceira com Frankie On The Guitar, “Volta” e “Tinoni”. O mais recente EP deste artista, “Castanho”, que foi lançado em fevereiro de 2022, tem sido uma montra de demonstração do que T-Rex é capaz de fazer: desde o trap ao R&B. Ninguém ficou de lado neste concerto, nem mesmo o público que sentiu a energia do artista. Terminou o concerto com o seu último single retirado deste EP, o “Anti-Antes”. Tem sido uma loucura este verão para o artista: ainda tem vários concertos para dar, de norte a sul do país e ainda com um pé na ilha da Madeira.
Texto: Pedro Miguel
Fotos: Iris Cabaça