Super Bock Super Rock 2022: Dia 1 – tudo se faz quando a vontade é muita

 

O Super Bock Super Rock regressou à Altice Arena, após a sua penúltima edição em 2018, nos dias 14, 15 e de julho. Com um festival já montado no Meco, onde estava previsto realizar-se, teve de ser tudo mudado e montado de novo na Expo devido ao risco de incêndio perto do espaço original.

 

Apesar da mudança brusca, felizmente o festival aconteceu na mesma e foram três dias que fizeram valer a pena tudo. No primeiro dia, bandas e artistas como os Metronomy, Hinds, Leon Bridges, A$AP Rocky, David & Miguel e Flume não atuaram onde esperavam, mas vieram com a mesma energia.

 

Depois de um concerto magnífico no Coliseu dos Recreios em março deste ano, e um dos melhores em Portugal até à data, os Metronomy voltaram ao Super Bock Super Rock no palco principal, a última vez foi em 2019 no palco EDP. Com um alinhamento mais reduzido por ser em festival, o grupo britânico não esteve no seu melhor como no Coliseu, mas ainda deu para aproveitar a energia alegre que trazem sempre em cada concerto. “The Bay”, “Salted Caramel Ice Cream”, “The Look” e “Love Letters” concretizaram as delícias dos fãs e funcionam sempre bem em festivais. Já em “Corinne” e “Everything Goes My Way” foi a vez de Anna Prior, a baterista, apresentar a sua voz doce. Assim, foi cerca de uma hora bem passada na companhia da banda bastante conhecida pelo público português.  

 

As Hinds voltaram a Portugal para apresentarem o seu mais recente álbum, The Prettiest Curse (2020) no palco EDP. Vindas da quente cidade de Madrid para a quente Lisboa, trouxeram, mais uma vez, os seus ritmos lo-fi e pop e calorosos ao nosso país. A mostrarem-se sempre divertidas e alegres em palco, tocaram alguns temas novos e outros mais antigos, como, “Good Bad Times”, “Just Like Kids (Miau)” e “Bamboo”. Ainda tiveram tempo para uma cover de “Spanish Bombs” dos The Clash e uma dedicatória para todas as suas mulheres e mães, principalmente para a de Carlotta que se encontrava no meio do público. Este teria sido um concerto que teria beneficiado de um belo pôr do sol para completar o ritmo das suas músicas, mas assim mostrou que a banda madrilena sabe tomar conta de uma sala maior, seja onde for.

 

 

No palco principal e antes do cabeça de cartaz, era a vez de Leon Bridges atuar pela segunda vez em Portugal, depois de um concerto no Coliseu do Porto uns dias antes. Pode-se dizer que foi a calma antes da esperada tempestade com a sua soul magnífica que, apesar de não ser muito conhecida pelo público nacional, não deixou ninguém indiferente. O artista norte-americano, acompanhado pela sua banda, trouxe o seu mais recente trabalho Gold-Diggers Sound (2021) neste primeiro dia. Vestido todo de branco e a usar óculos de sol, mostrou a sua voz carregada de história em temas como “Steam”, “Brown Skin Girl” e uma das mais conhecidas, “River”. Ao mesmo tempo, apresentou uma sonoridade com um pé no passado e outro no presente encantado as pessoas que o conheciam e as que não nunca tinham ouvido.

 

 

O nome mais aguardado da noite era claramente o rapper norte-americano A$AP Rocky e, talvez, uma aparência surpresa da sua namorada Rihanna, que não chegou a acontecer, pela quantidade de pessoas que aguardavam junto ao palco Super Bock. Apesar de não estar tão cheio como seria de esperar, se calhar porque uns dias antes esteve no Rolling Loud no Algarve, enquanto o palco estava a ser montado, antes apareceram algumas pessoas para inflarem um boneco insuflável amarelo a representar o álbum Testing (2018), ouviram-se vários gritos do público ansioso pelo concerto. Com 15 minutos de atraso, entrou de relâmpago em palco e alguns minutos depois começou a atirar t-shirts aos fãs nas primeiras filas e que trazia na sua mala. Pediu logo desculpas por estar doente, o que se notou na sua voz em certos temas. Comparando ao seu concerto no NOS Primavera Sound em 2018, infelizmente não veio com tanta força e até encurtou a duração de grande parte dos temas. Apesar disso, ainda conseguiu deliciar os fãs com “LSD”, “Sundress” e “Love$ick” com Mura Masa. Entregou-se em “Everyday” numa voz quase rouca e ainda apresentou músicas do seu coletivo A$AP Mob, como, “Yamborghini High”. Durante o concerto, despejou de forma rápida as suas músicas, chamou um fã ao palco e pediu aos fãs para criarem mosh pits em vários momentos, alguns responderam de imediato. Não esteve no seu melhor, mas foi bom ouvir algumas das suas canções que podiam ter durado mais tempo.

 

 

No palco atrás, o EDP, David Bruno e Mike El Nite juntos são simplesmente David & Miguel, vieram apresentar o seu brilhante disco Palavras Cruzadas, editado em 2021. Acompanhados por Marco Duarte, guitarrista, e António Bandeiras, beats e animação, atraíram várias pessoas, principalmente após o concerto de A$AP Rocky acabar, para assistirem a esta combinação ao vivo, a qual costuma ser recheada de momentos engraçados e aqui não foi exceção. De um lado o contador de histórias David, e no outro o rapper Miguel, mostraram as suas músicas que tanto têm de sensualidade como de caricatas para uma plateia interessada. “Passadiços do Paiva”, “Inatel” e “Sónia” foram algumas das que mais mexeram com as pessoas. Um concerto de David & Miguel é sempre bem passado e incansável.

 

 

A fechar o palco Super Bock neste primeiro dia, esteva o DJ e produtor australiano Flume, que trouxe a eletrónica no final da noite. Em termos visuais foi um dos concertos mais bonito e esteticamente cativante com imagens da natureza, inspiradas no seu novo álbum lançado este ano chamado Palaces, e com um jogo de luzes adequado a essas imagens. Musicalmente também não se ficou atrás e mostrou alguns dos melhores temas do seu novo trabalho, tais como, “I Can’t Tell”, “Say Nothing” e “Sirens”. Ainda teve tempo para passar “You & Me” dos Disclosure, “Tennis Court” da Lorde e “Is It Cold In The Water” da falecida SOPHIE. Assim, fechou em grande a primeira noite e meteu as pessoas que ficaram até ao fim a dançar.