Super Bock em Stock 2022: o melhor da música nacional e emergente
O Super Bock em Stock deste ano aconteceu nos dias 25 e 26 de novembro pela Avenida da Liberdade. O cartaz contou com vários nomes nacionais e internacionais já conhecidos ou emergentes.
Este ano o festival teve um alinhamento com diferentes artistas internacionais que de certeza irão atuar nos maiores festivais europeus no próximo ano, mas foram os nomes nacionais que mais se destacaram.
Os TV Girl foram os primeiros a subirem ao palco do Coliseu neste dia. A banda da Califórnia composta por Brad Petering, Jason Wyman e Wyatt Harmon atuou para um público maioritariamente jovem, provavelmente devido ao sucesso repentino no TikTok. A sala ainda não se encontrava muito cheia no princípio, mas à medida que foram chegando mais pessoas as suas músicas indie-pop ecoaram pelo Coliseu. “Pantyhose”, “Birds Don’t Sing” e “Cigarettes Out The Window” foram alguns dos temas que fizeram parte do alinhamento. Desta forma, foi um bom concerto para aquecer antes da pequena corrida anual na Avenida.
Um ano depois de lançarem o seu primeiro álbum e se terem apresentado no festival, os Atalaia Airlinesvoltaram para atuarem numa sala maior e com um espetáculo mais composto. Afonso Serro, Pedro Puccini e Humberto Dias fizeram-se acompanhar por Miguel Marôco, Velhote do Carmo, João Heliodoro, António Reis, Mariana Dantas Rebelo e Inês Monstro em palco, como se tivessem formado uma super banda. Além disso, ainda convidaram João Sala para cantar “Um Pouco Mais”, Iguana Garcia em “Arma Mortífera”, Mike El Nite em “Niteflix” e, por fim, David Bruno em “Primeira Classe”. A festa de aniversário foi feita com um bolo cortado no palco por um fã e distribuído pelo público, o humor característico dos seus temas e a mistura que fazem entre jazz e city pop. Uma festa em amigos bonita que se fez sentir nas pessoas presentes durante o concerto na Estação Ferroviária do Rossio.
O britânico Alfie Templeman veio apresentar o seu novo álbum Mellow Moon, editado em maio, pela primeira vez em Portugal. As suas músicas repletas de angst e joyment ao mesmo tempo funcionam bem ao vivo, como se pôde comprovar em “3D Feelings”, “Colour Me Blue” e “You’re A Liar”. Em palco, o artista e a sua banda ficam cheios de energia, o que torna o espetáculo ainda melhor, ficando-se com a mesma sensação de quando vimos Declan McKenna ao vivo no Super Bock Super Rock em julho.
Diretamente de Vila Nova de Gaia para o Coliseu dos Recreios, David Bruno desceu até à capital para apresentar a sua áudio novela Sangue e Mármore, lançada a 16 de setembro. Em palco, fez-se acompanhar por Marco Duarte, na guitarra; António Bandeiras, na animação; um teclista desconhecido e alguns convidados. Porém, também se ouviram temas mais antigos, como, “Doucement”, “Mesa para dois no Carpa”, “Bebe e Dorme” e “Festa de Espuma”. Nas primeiras filas, o público gritava “Gondomar Gondomar Gondomar”, para os fãs de Corona, e “Avintes Avintes Avintes”, a freguesia onde acontecem as histórias desta áudio novela. O primeiro convidado era para ter sido o Rui Reininho em “Tema de Sequeira”, mas infelizmente não conseguiu comparecer. Assim, o primeiro convidado foi Marlon Brandão em “Tema de Guedes”. Seguiu-se Mike El Nite nos temas “Interveniente Acidental” e “Inatel”. O momento mais surpreendente ficou para o fim quando Gisela Joãosubiu ao palco a encarnar a personagem de Sandra Isabel para cantar “Tema de Sandra”. Foi sem dúvida um dos concertos mais coesos e mais bem produzido que David Bruno trouxe a Lisboa até agora.
Num concerto exclusivo no Capitólio, Ana Moura trouxe o seu novo álbum, Casa Guilhermina, editado a 11 de novembro. Nesta nova era da sua carreira, a artista juntou fado com ritmos mais modernos nos seus temas que foram produzidos pela própria, Pedro da Linha e Pedro Mafama. Acompanhada por dois guitarristas e um staging feito por um pódio e umas escadas, Ana Moura apresentou as suas músicas novas para uma sala cheia e uma plateia ansiosa por a ouvir e ver. Com a sua voz inconfundível, foi aqui que o seu novo trabalho ganhou uma dimensão espacial ora ao ouvir-se ritmos mais calmos onde a sua voz sobressai, como, “Estranha Forma de Vida” e “Sozinha Lá Fora”, ora a ouvir-se outros mais mexidos: “Andorinhas”, “Arraial Triste” e “Jacarandá”. Sempre com um sorriso de orelha a orelha e a receber carinho do público, a artista deu um dos concertos mais especiais da edição do festival deste ano.
A fechar a noite no primeiro dia do festival, esteve a artistas colombiana Ela Minus no Coliseu dos Recreios. Com o EP ♡ lançado em setembro, uma colaboração com DJ Python, a artista levou-nos numa viagem da sua apelidada tiny dance acompanhada pelo seu conjunto de sintetizadores. Além disso, ainda trouxe as suas improvisações durante o espetáculo. Sempre a dançar de um lado para o outro e a dizer algumas palavras ao público, Ela Minus animou a sala no encerramento deste primeiro dia.
No Cinema São Jorge neste segundo dia, Kady veio apresentar o seu novo EP Lumenara, editado em novembro, numa sala bem composta. “Tamina”, “Lumenara” e “Tempu” foram alguns dos novos temas que a artista escolheu para o alinhamento. Inclusive, convidou Nayela para cantarem “Nha Kabelu” e Dino D’Santiago para atuarem “Djuntu”, que mal entrou fez o público levantar-se das cadeiras e dançar ao ritmo da música. Acompanhada por Alícia Rosa e Nelly Cruz em palco, Kady trouxe as suas músicas cantadas em crioulo ao festival num concerto onde se pôde ouvir a mistura que faz entre funaná, kizomba e batuque enquanto presta homenagem a Cabo Verde. Mesmo com lugares sentados, os ritmos foram sentidos e apreciados pelo público, que se teria mexido ainda mais noutra sala sem cadeiras. Contudo, foi um espetáculo maravilhoso e bem concretizado, onde se nota que foi tudo pensado ao pormenor.