NOS Alive 2023: Dia 2 - a junção da pop e do rock
No segundo dia, o NOS Alive deste ano trouxe alguns dos maiores artistas da pop e do rock internacionais e nacionais como Idles, Lizzo, Arctic Monkeys, Linda Martini, girl in red e Lil Nas X. Um dia que agradou a vários públicos diferentes e trouxe algumas estreias a Portugal.
A banda de rock Linda Martini não é desconhecida para ninguém que esteja minimamente dentro do panorama da música nacional, sendo talvez uma das bandas mais queridas para o público português. Talvez por isso, nem o facto de serem a banda de abertura do segundo dia do Palco NOS fez com que deixassem de ter uma audiência muito bem composta, que acompanhou a plenos pulmões as músicas que a banda trouxe para mais uma passagem pelo festival. O alinhamento contou com um pouco dos vários álbuns da banda e não deixou falhar quase nenhum elemento. Tivemos as músicas mais recentes, do álbum ERRÔR (2022), como Eu Nem Vi, Horário de Verão e E Não Sobrou Ninguém; as músicas do filho do meio, o álbum Linda Martini (2018), com Boca de Sal e Se Me Agiganto; e, além disso, os primeiros álbuns, que contam com aqueles que podem ser considerados os temas mais reconhecidos pelo público, Olhos de Mongol (2008) e Casa Ocupada (2010): são eles a casa dos maiores gritos vindos das plateias, com temas como Amor Combate e O Amor É Não Haver Polícia. Para os fãs de Turbo Lento, este concerto foi uma má notícia, pois poucas foram as músicas que soaram no festival. Já ninguém olha com estranheza quando uma multidão grita de volta um "Foder é perto de te amar se eu não ficar perto" num loop que parece não terminar porque é tão bom manter na ponta da língua as músicas que fazem parte das nossas vidas há mais de uma década, como é o caso de Cem Metros Sereia. A banda agradeceu o apoio incessante dos fãs que os acompanham e deu por terminado mais um grande concerto no Passeio Marítimo de Algés. Sempre com direito ao chão a tremer, Linda Martini são um nome inapagável da história do rock português e esperemos que continuem a sê-lo por muitos mais anos.
Os Idles já são considerados uma das bandas favoritos de um vasto público português que adora sempre vê-los em concerto, quer seja em festivais ou no Coliseu dos Recreios. Este ano foram transportados para o palco principal, em 2019 atuaram no Heineken e levaram quem assistia à loucura, a seguir aos Linda Martini e antes dos Arctic Monkeys, que infelizmente não foram de seguida. A energia do público esteve mais calma desta vez, se calhar porque muitos aguardavam os nomes seguintes, mas a banda trouxe o que era esperado: punk-rock, loucura, alguns moshpits e crowdsurfings. A transição de um palco secundário para o principal talvez não tenha sido a melhor opção porque não tiveram assim tanto público apenas para os ver, como aconteceu em 2019 e noutros festivais. Contudo, mostraram o que fazem de melhor em palco com temas como I'm Scum, Crawl! e Never Fight a Man With a Perm.
A verdade é que o Mês do Orgulho LGBTQI+ é em junho, mas esta edição do NOS Alive conseguiu prolongar mais umas semanas essa sensação e ainda bem. Esta edição do NOS Alive contou em peso com artistas que se identificam com géneros e sexualidades não normativas e, não dando necessariamente os parabéns pelo mínimo que um festival pode fazer, é bom reconhecer o talento que existe nesta indústria e atender às expectativas de um público que não existe só nos limites do Spotify. É o caso de artistas como girl in red, Lil Nas X, King Princess e Sam Smith.
No palco Heineken, Sylvan Esso, a dupla de electro-pop formada por Amelia Meath e Nick Sanborn regressaram a Portugal para animarem o público com os seus ritmos. De um lado a voz doce de Amelia, do outro os sintetizadores hipnotizantes de Nick tornam qualquer espetáculo deste duo imperdível. Ferris Wheel, Radio e Cloud Walker foram alguns dos temas que elevaram o concerto e permitiram recuperar um pouco e abanar a anca depois de se ver os Arctic Monkeys. Não podia faltar Hey Mami, Coffee e H.S.K.T., as canções do primeiro álbum homónimo que tiveram mais sucesso, no alinhamento que ainda soam tão bem como soavam em 2014. Encerraram o concerto Echo Party do disco mais recente, No Rules Sandy (2022), e ficou a certeza que trazem sempre momentos bons e divertidos no seu slot nos festivais.
Se alguém tinha as expectativas em alta em relação ao concerto de Lil Nas X, as expectativas rebentaram a escala e foram além do que a maioria podia ter imaginado. O espectáculo do artista americano contou com tudo o que é preciso para ser um momento memorável: teve uma voz talentosa, teve movimento e dança, teve cenários de cortar a respiração, teve carisma e, acima de tudo, teve uma aura poderosa. Lil Nas X arrancou o seu caminho no estrelato com a música Old Town Road, em colaboração com Billy Ray Cyrus, alcançando os tops mundiais do country rap. Lil Nas X mudou para sempre aquilo que se considera country e levou-o aos ouvidos de pessoas que não estavam habituados a ver um artista negro e gay a fazer música deste género.