Filipe Sambado no Lux: o poder da transformação
Filipe Sambado apresentou o aguardado novo álbum, Três Anos em Escorpião em Touro, editado em setembro, no Lux Frágil. Após ter apresentado alguns temas no B.leza em fevereiro, agora foi a vez de trazer um novo espetáculo.
O seu novo trabalho é completamente diferente dos três discos anteriores porque vai buscar influências de hyperpop e shoegaze com um atitude emo e refrões pop. Ao vivo, as texturas das músicas ganham outra dimensão e são emersas nesta viagem intergalática.
Em palco, Sambado fez-se acompanhar por Joana Komorebi (bateria), Chinaskee (voz, beats e percussões), Vera Cruz (baixo, voz e teclado) e AURORA (voz e dança) que a ajudaram a tornar realidade a sua nova visão. AURORA acompanhou-a em alguns coros e, ainda, dançou de uma forma hipnotizante que não deixou ninguém indiferente e foi uma ótima adição para os ritmos das músicas que agora são mais mexidos.
Assim, do novo trabalho ouviram-se temas como Talha Dourada, Mania, Hybrids e Caderninho onde se ouviu a gravação da voz de Conan Osiris. Ainda houve tempo para canções mais antigas dos álbuns anteriores, tais como, Jóia da Rotina de Revezo (2020) com uma melodia mais adequada para conjugar melhor com as novas músicas, Nó do Peito de Vida Salgada (2016) e Deixem Lá de Filipe Sambado & Os Acompanhantes de Luxo (2018).
Um aspeto muito importante do novo disco e do espetáculo ao vivo é Sambado atirar o binário para fora e reinar o não binário nas letras, melodias e roupas, o que foi reforçado em Coro d'Enby, onde se ouve as vozes de artistas não bináries (AURORA, João Borsch, João Caçador, Marianne, Larie, Lila Fadista, Marinho, Maroskas, Nëss e Rezmorah) a cantarem "eu não sou homem/ nem mulher/ eu vou ser/ quem eu quiser". Apesar de ao vivo ser uma gravação destas vozes, tem um impacto enorme.
O concerto terminou com um fado chamado Um Lugar na Mouraria e a certeza de que Filipe Sambado se encontra numa das suas melhores fases a nível musical por ter criado o seu próprio universo em Três Anos de Escorpião em Touro e ter feito algo que ainda não se ouve muito em Portugal. Não se sabe o ascendente de Sambado, mas sabe-se que a partir daqui vai ser sempre a ascender.