Tim Bernardes no Coliseu dos Recreios: o domínio das emoções
Tim Bernardes regressou ao
Coliseu dos Recreios para terminar a pequena tour que fez por Portugal antes de
seguir para outros países na Europa. Desta vez, contou com duas datas esgotadas
na sala lisboeta, nnos dias 1 e 2 de fevereiro.
A tour começou em Coimbra e também passou por Vila Real, Leiria e Porto. No segundo concerto em Lisboa e o último em Portugal, pelo menos por agora, foi o culminar da relação que Tim Bernardes tem vindo a construir com o público português desde que lançou e apresentou o seu primeiro álbum a solo Recomeçar (2017) no nosso país. Daí metade das datas da sua tour europeia terem sido em Portugal e, ainda, ter voltado para atuar em mais alguns sítios para apresentar o novo álbum Mil Coisas Invisíveis (2022).
Entrou em palco com um sorriso estampado na cara por ver tantas pessoas ali presentes e a aplaudirem-no com tanta força. Rapidamente, sentou-se, pegou na sua guitarra e começou o concerto com Nascer, Viver, Morrer quase às escuras. Prosseguiu a aquecer a sala com Fases e BB (Garota de Moto Amarela), “quero amar e sempre ver você de perto”, que até poderia ser uma dedicatória ao público português.
Após dizer que podia haver músicas pedidas e aceitar algumas sugestões, como Não, foi altura de dar a sua voz à música que escreveu para Maria Bethânia, apelidada Prudência, e ainda cantou Soluços de Jards Macalé. Para celebrar o seu “aniversário” de quando teve um acidente de autocarro juntamente com um amigo, o artista decidiu trazer uma cover do tema 2 de Fevereiro de Dorival Caymmi para comemorar essa data especial por ter sobrevivido e estar a tocar ali neste dia.
Claro que não podiam faltar alguns temas da sua querida banda O Terno, tais como, A Mistória Mais Velha do Mundo e uma eletrizante atuação de Melhor do Que Parece que arrancou gritos de aprovação e vários aplausos eufóricos da parte do público, que pareceu genuinamente surpreendido com o que o artista fez nesta música e com o poder da sua voz e guitarra.
As palavras Realmente Lindo são mesmo as melhores para descrever este concerto de Tim Bernardes que ora no piano, ora na guitarra entre sorrisos, histórias e sussurros deixou as emoções à flor da pele de todas as pessoas que assistiram, pois não devem ter sido poucas as lágrimas que foram derramadas em certas canções.
A forma como o artista escreve e fala sobre o amor é tão bonita de se ouvir e ver, tão íntima e pessoal, tanto que se entende o porquê de encher salas pelo país, e realmente única porque dificilmente alguém consegue elevar letras em português com um toque verdadeiramente especial como ele faz. Além disso, em algumas músicas ainda se ouviu o público a cantar num perfeito uníssono.
Despediu-se com um Recomeçar e um até já para depois voltar ao palco e tocar Volta d’O Terno, Baby de Gal Costa e Eu Vou também d’O Terno. Com uma menção ao livro do Desassossegode Fernando Pessoa e como olha para o mesmo como se fossem as notas do iPhone dele, fica-se com a confirmação de que Tim Bernardes voltou a conquistar o público nacional neste regresso e voltará a fazê-lo nas próximas vezes.