Ana Lua Caiano no B.leza: o futuro da música nacional
Ana Lua Caiano apresentou o seu álbum de estreia, Vou Ficar Neste Quadrado, editado em março, para uma sala esgotada no B.leza, no dia 11 de abril.
Desde que vimos o seu concerto no NOS Alive do ano passado, Ana Lua Caiano teve uma pequena tour na europa e passou pela Suiça, França e Eslovénia, gravou uma atuação para o KEXP, foi nomeada para os PLAY – Prémios da Música Portuguesa na categoria de Artista Revelação e lançou o seu primeiro álbum que contou com os dois concertos de apresentação no Porto e Lisboa esgotados.
Além de todos estes feitos bem merecidos, nesta quinta-feira à noite no B.leza comprovou-se que a artista melhorou bastante ao vivo nestes meses e agora traz um espetáculo aprimorado e mais interativo.
A artista entrou em palco recebida com aplausos, após alguma espera, e começou com Que o sangue circule, Cansada e Sai da Frente, vou passar todas de seguida para mostrar o que se avizinhava e a experimentação esperada. Depois, saiu do seu set-up composto por um microfone, um sintetizador, um teclado, um adufe, um bombo, uma loop station e mais alguns instrumentos de percussão para cantar Ando em Círculos num microfone mais à frente, apenas com uma pandeireta, onde pediu a ajuda do público para cantar uma parte do tema, a qual foi respondida e ouvida nas filas da frente.
Em palco também havia duas câmaras que em algumas músicas se podia ver mais de perto, projetado num ecrã, o que a artista fazia no set up e o seu processo incrível que ao vivo é ainda mais interessante de se ouvir e ver porque é construído através de camadas feitas com a sua voz, loops, palmas, instrumentos de percussão e, às vezes, até pelo som dos pés das pessoas na plateia a baterem no chão, o qual foi utilizado em Vou Ficar Nesse Quadrado.
Não foi só dos novos temas que se fez o alinhamento, pois os que ajudaram a criar sucesso e hype para o lançamento do álbum também fizeram parte, tais como, Mão na Mão, Se Dançar É Só Depois e Adormeço Sem Dizer Para Onde Vou, retirados do EP Se Dançar É Só Depois (2023).
Ao misturar música tradicional portuguesa, folclore, e eletrónica com refrões orelhudos, Ana Lua Caiano consegue criar um estilo muito singular que dificilmente é replicado de forma bem feita, e ao vivo repara-se ainda mais no seu verdadeiro talento. Ainda mais, mesmo com um público um pouco mais parado do que o esperado, ninguém fica indiferente aos ritmos contagiosos das suas músicas.
O concerto provou que Ana Lua Caiano representa o passado, presente e futuro da música nacional porque ao criar este género único, consegue dar vida e significado à historia musical de Portugal com influências tradicionais e outras modernas bastante atuais, o que irá inspirar quem ouve e continuará a soar bem durantes muitos anos. ao mesmo tempo, traz-lhe uma facilidade em se internacionalizar, se assim o quiser, o que já começa a acontecer.