Rock in Rio Lisboa 2024 - 2º fim-de-semana: as estreias aguardadas dos últimos dias
O segundo fim-de-semana do Rock in Rio Lisboa 2024 realizou-se nos dias 22 e 23 de junho, e contou com Jonas Brothers, Doja Cat, Ivete Sangalo, Leigh-Anne, Macklemore e Pedro Sampaio no cartaz.
Algumas das críticas dos primeiros dias foram melhoradas, tais como, as entradas e saídas do recinto porque cortaram o trânsito nas zonas mais perto do recinto, mas a visibilidade continuou na mesma e nestes dias notou-se ainda mais pó devido ao vento. No primeiro dia ainda houve a transmissão do jogo da seleção portuguesa no Euro 2024, o que acabou por atrasar os concertos e, honestamente, quase ninguém vai a um festival para ver um jogo de futebol e muitas pessoas aproveitaram para se sentar ou procurarem as poucas sombras que se via.
Este segundo fim-de-semana contou com três estreias em solo português: Jonas Brothers, Leigh-Anne e Doja Cat, e os regressos de Ivete Sangalo, Macklemore (desta vez sem Ryan Lewis) e Pedro Sampaio.
No primeiro dia, 22 de junho, que foi o único que não esgotou mas contou com cerca de 65 mil pessoas, Ivete Sangalo já parte da história do festival e, por isso, está presente em todas as suas edições e nestes 20 anos não foi exceção. A artista brasileira soube, mais uma vez, como animar e meter o público a dançar desde as primeiras filas até às últimas num concerto imparável, e é sempre uma felicidade vê-la ao vivo. Apesar disso, a artista precisa de mudar um pouco o seu espetáculo e trazer coisas diferentes, pois as transições são as mesmas.
Leigh-Anne, uma das três integrantes da banda britânica Little Mix, que infelizmente nunca atuou cá, estreou-se em Portugal com o seu projeto a solo no Palco Galp e eram muitos os fãs, provavelmente do seu grupo, que se encontravam à espera do concerto nas filas da frente. Apenas com um EP, No Hard Feelings, veio apresentar os seus ritmos de afro-beat e veio acompanhada por quatro bailarinas. Logo no terceiro tema, trouxe uma cover de Paint The Town de Doja Cat, talvez para antecipar o concerto da artista norte-americana no dia seguinte, e depois cantou temas novos do seu EP como Nature, Forbidden Fruit e OMG. Claro que trouxe músicas das Little Mix, o que incluiu uma versão acústica de Touch e um mashup de No More Sad Songs / Sweet Melody / Confetti com um break dance, e terminou com o segundo single My Love. Um concerto curto, mas onde deu para se perceber que Leigh-Anne é uma performer com uma voz poderosa e pode dançar sem perder o fôlego, algo que se já via com as Little Mix, e pode conquistar qualquer público em salas ou festivais.
Macklemore regressou a Portugal e desta vez a solo, sem Ryan Lewis, e com um novo álbum BEN (2023) que, curiosamente, só contou com dois temas CHANT e Heroes. O artista entrou em palco em modo de celebração, mas com um momento político também. A seguir a CHANT, levou o público às suas origens com o tema Thrift Shop do álbum de The Heist (2012) com Ryan Lewis. Antes do seu novo single, Hind’s Hall, falou sobre o genocídio na Palestina e disse “for the last eight months the thing that has been on my heart, in my spirit and on my mind are the people of Gaza right now” (durante os últimos oito meses, o que tem passado pelo meu coração, o meu espírito e a minha mente são as pessoas em Gaza neste momento) e, ainda, “my spirit is here tonight in solidarity with the people of Palestine for collective liberation” (o meu espírito está aqui esta noite em solidariedade com as pessoas da Palestina para libertação coletiva). Tendo sido o único artista, pelo menos no Palco Mundo, a mencionar a Palestina, o que arrancou vários aplausos do público, mas não pareceram tão fortes quanto deveriam ter sido. Depois partiu para These Days, uma colaboração com os Rudimental, Jess Glynne e Dan Caplen. Seguiram-se os temas Dance Off, Glorius, Good Old Days e no final Can’t Hold Us. No fim, ainda agradeceu ao público, disse que era assim que um festival de verão deveria ser, pediu para se gritar peace (paz) e apelou para as pessoas lhe chamarem Ben porque é o seu nome e os fãs são a sua família.
Os Jonas Brothers finalmente atuaram em Portugal após fazerem os seus fãs esperar cerca de 17 anos, desde que lançaram o seu primeiro álbum homónimo com o selo da Hollywood Records em 2007, e deveria ter sido numa sala, mas mesmo num festival a espera valeu a pena. O concerto inseriu-se na tour de celebração dos 5 álbuns da banda formada pelos irmãos Nick, Joe e Kevin, portanto o alinhamento contou com um bocado de cada álbum, incluindo os projetos a solo de Joe e Nick. Antes de entrarem em palco, ouvia-se o público a gritar “Jonas Jonas Jonas” e mal o grupo entrou em palco, partiu para os temas Celebrate!, What A Man Gotta Do e That’s Just The Way We Roll, o que deixou o público eufórico. A seguir, foi a vez de um dos singles que lhes trouxe sucesso mundial, S.O.S., ser ouvido e recebido em uníssono. Depois, foi a vez de tocarem temas dos filmes Camp Rock, Play My Music, Gotta Find You e Introducing Me, cuja letra foi cantada pelo público em alto e bom som, o que chocou Nick por ouvir tantas pessoas a cantarem a música consigo. De volta a momentos nostálgicos, a emocional When You Look Me In The Eyes e a divertida Year 3000, original dos Busted. Houve tempo para Nick e Joe apresentarem alguns dos seus temas fora da banda, tais como, Close e Jealous de Nick e Toothbrush e Cake By The Ocean, da banda DNCE de Joe da altura em que os irmãos estiveram num hiatus, e na última Joe saltou para o público nas primeiras filas. Ainda tocaram dois covers, um de Can't Take My Eyes Off You de Frankie Valli e outro de September de Earth, Wind & Fire. Um dos melhores momentos de qualquer concerto da banda chegou com Lovebug e, a seguir, surpreenderam os fãs quando Big Rob, antigo segurança, subiu ao palco para o seu verso em Burnin’ Up. Only Human, Sucker e Leave Before You Love Me deram por terminado o espetáculo que tantas pessoas esperavam há anos, e poderia ter sido um bocadinho maior, mas satisfez os fãs mais antigos e alguns mais recentes.
No último dia do festival, 23 de junho, houve algumas surpresas nos palcos Mundo e Galp e também contou com lotação esgotada. A primeira surpresa foi a enchente de público que esteve presente no concerto de Ne-Yo, o palco Galp a abarrotar nos concertos de Luísa Sonza e Pedro Sampaio e o concerto da cabeça de cartaz Doja Cat não estar tão cheio como seria esperado.
Uma das maiores rappers atuais, Doja Cat, finalmente atuou em Portugal para apresentar o seu novo álbum Scarlet (2023) e trouxe o maior espetáculo ao Palco Mundo que incluiu fogo e uma plataforma que a elevou durante Streets. Apesar de ser a cabeça de cartaz deste dia, inesperadamente não havia tanto público para assistir à sua estreia no nosso país como se estava a contar. O alinhamento ter sido quase todo composto pelo seu novo trabalho também não ajudou muito o público que provavelmente queria ouvir as músicas mais conhecidas, pois a maiores reações foram em Agora Hills, Demons, Attention e Paint The Town Reid. Não poderiam faltar os hits que a capatularam para a fama como Say So, Ain’t Shit, Tia Tamera, Get Into It (Yuh) e Need To Know que foram bem recebidas pelas pessoas presentes.
Para encerrar o festival em grande, Pedro Sampaio veio animar este final com os seus maiores êxitos num palco que foi demasiado pequeno para o DJ e produtor brasileiro, pois deveria ter atuado no Palco Mundo em vez do Galp porque a multidão de pessoas que o foi ver e deixou aquela parte do recinto a abarrotar teria enchido o palco principal e teria tido mais espaço para dançar. Estava tão cheio que quem ficou mais atrás não viu quase nada e até havia pessoas a verem pelos ecrãs do palco principal. Com dois artistas brasileiros, Sampaio e Luísa Sonza, que esgotam salas cada vez que vêm cá não se percebe porque é que atuaram num palco tão pequeno e porque é que a única artista brasileira no palco principal, apesar de ser sempre merecido, foi Ivete Sangalo no dia anterior. Algo a reconsiderar na próxima edição porque há mais do que público suficiente para estes artistas. E mesmo assim, deu um dos melhores espetáculos deste último dia e trouxe o seu funk que deixou o público, que o conseguiu ver ou ouvir, numa loucura total. Teve fogo, confettis e muita dança num palco demasiado pequeno para um DJ desta dimensão. Quem esteve presente não se vai esquecer deste momento tão depressa.