NOS Alive 2024 – 1º dia: o festival além do palco principal
O NOS Alive regressou ao Passeio Marítimo de Algés para três dias repletos de música, dança e surpresas. O primeiro dia contou com alguns regressos, novidades e desilusões, com destaque para os concertos no palco Heineken.
Os Unknown Mortal Orchestra voltaram ao festival 10 anos depois, e após terem atuado no Hard Club no Porto no dia anterior, subiram ao palco Heineken antes das 18h, o que talvez não tenha sido o melhor horário porque pedia um mais tardio. Não foi um concerto emotivo nem interativo, mas apresentaram um alinhamento mais festival friendly que, curiosamente, focou-se mais no segundo álbum II (2013), que mereceu uma edição especial do seu 10º aniversário no ano passado, com os temas From the Sun, Swim and Sleep (Like a Shark), So Good at Being in Trouble e Waves of Confidence. E a seguir, foi Multi-Love (2015) que mereceu atenção com Necessary Evil, Multi-Love que meteu o público a cantar o refrão, e Can’t Keep Checking My Phone. Com o grande destaque aos seus dois melhores álbuns, até ao momento, o mais recente V (2023), apenas teve direito a dois temas: Layla e That Life. Um concerto que não foi particularmente memorável, mas serviu para recordar algumas músicas do grupo.
Ver um concerto dos Conjunto Corona, seja em Lisboa ou no Porto, é sempre uma experiência imperdível e que qualquer pessoa deveria vivenciar pelo menos uma vez, daí terem enchido o palco WTF Clubbing. O duo composto por David Bruno e Edgar Correia, que ao vivo conta sempre com o Homem do Robe, veio apresentar o seu novo disco ESTILVS MISTICVS (2023) para um público ansioso de ver ou rever o duo. Dos novos temas, ouviram-se ORA RING DING DONG, EI OH MARUJO, FUMO NA PANELA, TABULETA, PUTA DA VELHA e PRA CABEÇA OU PRO PEITO. Já das músicas mais antigas, Santa Rita Lifestyle, Chino no Olho e Mafiando Bairro Adentro fizeram parte do alinhamento. Entre a partilha de hidromel e pedidos de DB para conhecer o presidente da câmara de Oeiras, Isaltino Morais, os Conjunto Corona voltaram a conquistar o público em Lisboa.
A única passagem no palco principal neste dia foi no concerto de Benjamin Clementine, que trocado do palco Heineken para o principal a pedido do próprio, mas infelizmente não foi o alinhamento diário ideal para as suas músicas intimistas. Benjamin Clementine é um nome bastante conhecido e acarinhado pelo público português e já esgotou e encheu várias salas pelo país, contudo desta vez o concerto começou um pouco morno e parecia não estar a cativar tantas pessoas quanto deveria, o que foi uma pena porque os seus concertos são sempre imperdíveis. Mais ou menos a meio, despertou um pouco o público e ouviu-se os temas Jupiter, By the Ports of Europe, Nemesis e I Won’t Complain. Pode não ter sido o concerto mais memorável de Benjamin Clemetine nos últimos anos em Portugal, mas é vale sempre a pena presenciar o seu talento ao vivo.
A surpresa do dia foi o concerto de Black Pumas, que deveriam ter atuado no festival que foi cancelado em 2020, mas acabaram por vir na altura e horário certos. O duo de Austin formado por Eric Burton (voz) e Adrian Quesada (produtor e guitarrista) mostrou a sua soul psicadélica ao público que esteve presente para este belo momento no palco Heineken. A voz e presença carismática de Eric em palco, as produções de Adrian e a banda que os acompanha nos concertos são os ingredientes chave de resultarem tão bem ao vivo e darem um espetáculo realmente fascinante. Apenas com dois álbuns, Black Pumas (2019) e Chronicles of a Diamond (2023), parecem que fazem isto há muito mais tempo da forma que está tudo bem oleado. Apresentaram temas como Ice Cream (Payphone), More Than a Love Song, Know You Better, Fire e Black Moon Rising. Para quem já conhecia e mesmo para quem não os conhecia, ficou a certeza que conseguem encantar o público e darem um concerto notável.
Pode dizer-se que um dos nomes mais aguardados no palco Heineken eram os Parcels, que passaram pelo festival há dois anos com a história a repetir-se e a quantidade de pessoas que correu até ao palco minutos antes do concerto. Um concerto da banda australiana vem sempre seguido de alegria e aqui não foi exceção, mas teria havido mais alegria se o palco não estivesse a abarrotar porque o espaço era demasiado pequeno para a quantidade de pessoas que queria ver a banda. Já é a segunda vez que isto acontece e deviam passar para o palco principal num after, porque de certeza que ficaria cheio na mesma. Até os próprios ficam chocados por verem tantas pessoas na tenda a verem o concerto com o baterista, Anatole "Toto" Serret, a perguntar quem tinha estado no concerto de há dois anos e a admitir que “everytime we come back to lisbon is a shock". O que se sentiu quando tocaram temas como Lightenup, Overnight e Tieduprightnow levaram o público a um êxtase total. Quer dentro ou fora da tenda, dançou-se na mesma no espaço que era permitido, mas sinceramente já é altura de atuarem num palco maior ou virem a solo a Portugal.
Para terminar a noite da melhor forma, o palco Heineken preencheu-se com uma bola de espelhos e a disco de Jessie Ware, que regressou a Portugal para apresentar o mais recente álbum That! Feels Good! (2023) depois de um concerto no Vodafone Paredes de Coura no ano passado. A felicidade da artista cada vez que regressa a Portugal é sempre visível, e a partir daí sabe-se que vai ser uma hora bem passada e assim foi. Começou logo com That! Feels Good!, Oooh La La e Pearls, que foram acompanhadas por coreografias em conjunto com os seus bailarinos. A festa continuou com Begin Again e a nova música, em colaboração com Romy (The XX), e Freak Me Now, e aqueceu realmente com o mashup do remix de Running, com os Disclosure, Hot N Heavy e What’s Your Pleasure?, que levou o público à loucura. Ainda houve tempo para uma cover do tema Believe de Cher. O after disco terminou com Free Yourself e a sensação de libertação num concerto com uma setlist perfeita para qualquer pessoa no público se sentir livre e dançar ao som dos ritmos ideais desta nova fase fantástica de Jessie Ware.